Benim: Eleições decorrem em clima de tensão
11 de abril de 2021O Presidente cessante do Benim, Patrice Talon, é um dos favoritos para ganhar a eleição deste domingo (11.04), numa votação tensa, com críticos a acusá-lo de manipular a corrida a seu favor, afastando os líderes da oposição do processo eleitoral.
Magnata do algodão eleito pela primeira vez para liderar o Benim em 2016, Talon enfrenta dois rivais pouco conhecidos, Alassane Soumanou e Corentin Kohoue, na votação deste domingo.
O Benim foi outrora elogiado como uma democracia vibrante numa região frequentemente conturbada, mas a maioria dos líderes da oposição estão no exílio, foram desqualificados por reformas eleitorais ou foram alvo de investigação por um tribunal especial.
As tensões aumentaram antes da votação, com protestos a irromper em várias cidades nos bastiões da oposição. No centro e norte do Benim, por exemplo, os manifestantes bloquearam centenas de carros e camiões que viajavam entre a costa e o norte.
Sucesso económico
Localizado entre a potência africana Nigéria e o vizinho Togo, o Benim assistiu a alguns sucessos económicos sob o Governo de Talon, que aproveitou este facto durante a sua campanha. O chefe de Estado prometeu uma vitória "KO" na primeira volta.
"Acredito que hoje vai ser um grande dia. No final, veremos que a intimidação, os medos não importaram muito", disse Talon após a votação este domingo.
Mas Joel Aivo, um dos líderes da oposição desqualificados para concorrer, disse que não votaria e exortou outros a fazerem o mesmo.
"O Presidente escolheu concorrer contra si próprio nesta eleição sem precedentes", disse o opositor, acrescentando que os candidatos tinham sido "empurrados para o exílio, presos, atirados para a prisão".
Violência pré-eleitoral
Na quinta-feira (08.04), na cidade central de Savè, duas pessoas morreram e outras cinco sofreram ferimentos de bala depois de as tropas terem disparado gás lacrimogéneo para dispersar uma manifestação.
No dia da eleição, as ruas de Savè estavam vazias, com todos os negócios fechados. Soldados patrulhavam a cidade, disse um repórter da AFP.
"Estamos preocupados", disse Mama Salessou, uma comerciante de 51 anos de idade em frente a uma mesa de voto de Cotonou. "As pessoas têm medo por causa do que aconteceu no norte, mesmo em Cotonou, onde a situação está calma".
Presidente nega fraude
Entretanto, os apoiantes de Talon rejeitam as acusações de fraude eleitoral, dizendo que todas as condições estão reunidas para uma votação justa.
O presidente da comissão eleitoral Emmanuel Tiando disse no sábado (10.04) que, apesar dos atrasos no envio de material eleitoral para o norte, "nada impediu que esta eleição se realizasse".
Mais de 4,9 milhões de pessoas foram chamadas para votar em mais de 15.500 mesas de voto. Os resultados finais não são esperados até segunda-feira ou terça-feira.
As embaixadas dos Estados Unidos, Alemanha, França e Holanda, bem como a delegação da União Europeia no Benim, apelaram à calma e a que a votação decorresse de uma forma livre e transparente.