Biden e Putin aceitam cimeira sobre segurança na Europa?
21 de fevereiro de 2022Em sucessivas conversas telefónicas com os dois líderes, Emannuel Macron propôs que seja realizada uma cimeira sobre segurança e estabilidade estratégica na Europa seja realizada, primeiro entre Putin e Biden, "e depois com todas as partes envolvidas", anunciou a Presidência francesa.
De acordo com o Eliseu, tanto Joe Biden como Vladimir Putin aceitaram o encontro, que segundo as autoridades francesas "só pode ser realizado se a Rússia não invadir a Ucrânia".
O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, e o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, irão abordar o conteúdo desta cimeira durante uma reunião bilateral na próxima quinta-feira (24.02).
Emmanuel Macron também trabalhará "com todas as partes envolvidas" para preparar a cimeira.
Kremlin diz que é prematuro falar de cimeira
Entretanto, o Kremlin considerou hoje "prematuro" falar de uma cimeira entre Vladimir Putin e Joe Biden, anunciada pela França para neutralizar a crise russo-ocidental em torno da Ucrânia e o perigo de uma invasão russa.
"Existe um entendimento de que devemos continuar o diálogo no nível de ministros (estrangeiros). Falar sobre planos concretos para a organização de cimeiras é prematuro", disse aos repórteres o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.
"Uma reunião é possível se os chefes de Estado (russo e americano) o considerarem útil", acrescentou, lembrando que Biden e Putin ainda têm a possibilidade, "quando necessário", de conversar um com o outro "pelo telefone ou de outra forma".
Putin deve presidir, a meio do dia de hoje, a uma reunião do seu Conselho de Segurança, um órgão poderoso que reúne os principais decisores russos, em particular os líderes do Exército e dos serviços de inteligência.
Esforços diplomáticos de Macron
As conversas de Macron com Putin e Biden fizeram parte dos esforços diplomáticos feitos pelo chefe de Estado francês levados a cabo este fim-de-semana para tentar reduzir a tensão no leste da Ucrânia e evitar que a situação se deteriore.
O Presidente francês conversou duas vezes com Putin e duas vezes com o Presidente ucraniano, Volodímir Zelenski, além de ter ainda falado com Biden, com o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, e com o chanceler alemão, Olaf Scholz.
Macron conversou com Putin durante duas horas e 45 minutos, especificou o Eliseu, que indicou que a prioridade para a França é restabelecer o cessar-fogo no leste da Ucrânia, palco de um conflito entre o exército ucraniano e milícias pró-russas.
UE discute crise
Os ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia (UE) discutem hoje em Bruxelas com o homólogo ucraniano a crescente crise nas fronteiras da Ucrânia, onde a Rússia mantém meios militares que fazem recear um ataque em grande escala.
Depois de a tensão a leste ter sido abordada pelos chefes de Estado e de Governo da UE na passada quinta-feira, numa mini-cimeira extraordinária, a ameaça de uma nova guerra na Europa volta hoje à mesa dos chefes da diplomacia, depois de um fim de semana em que se assistiu a uma escalada do conflito, com o aumento de confrontos na região do Donbass e o prolongamento de exercícios militares russos na Bielorrússia.
Os observadores da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) anunciaram no sábado ter registado em 24 horas mais de 1.500 violações do cessar-fogo na Ucrânia oriental, número que constitui um recorde este ano, tendo mesmo a organização convocado igualmente para hoje uma reunião extraordinária para debater a escalada de tensão militar.
O pacote de sanções "sem precedentes" com que a UE tem ameaçado Moscovo em caso de agressão militar à Ucrânia não está ainda na ordem do dia, mas, na última quinta-feira, o Alto Representante da UE para a Política Externa e de Segurança, Josep Borrell - que dirige as reuniões de ministros dos Negócios Estrangeiros - garantiu que o mesmo já está pronto para ser apresentado aos Estados-membros, a quem cabe aprovar as sanções.
Artigo atualizado às 10:45 Tempo Universal Coordenado (UTC) após declarações do Kremlin