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Bienal do livro em Brasília destaca literatura africana

19 de abril de 2012

A capital brasileira transformou-se em palco para a literatura lusófona. Escritores africanos discutiram a posição da mulher na literatura e o reflexo das mudanças sociais nos textos produzidos ao longo da História.

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Schlagworte:Ondjaki e Paulina Chiziane Wer hat das Bild gemacht?: Ericka de Sá Wann wurde das Bild gemacht?: 17/04/2012 Wo wurde das Bild aufgenommen?: Brasília. Wer oder was ist auf dem Bild zu sehen? Ondjaki und Paulina Chiziane - Der Fotograf / die Fotografin ist (freie) Mitarbeiter(in) der DW, so dass alle Rechte bereits geklärt sind.
Ondjaki und Paulina ChizianeFoto: DW/de Sá

Em um dos eventos da primeira Bienal Brasília do Livro e da Literatura, realizada esta semana na capital brasileira, a poetisa e historiadora angolana Ana Paula Tavares falou sobre o papel da mulher na literatura. Em conversa com a DW África, ela falou sobre as transformações históricas e o espaço que a produção literária vem ganhando. Para ela, é difícil a literatura divorciar-se do quotidiano.

"O dia a dia é de tal maneira desafiante é de tal maneira complexo que a literatura tem que passar por aí. Por muito intelectualizada que a mulher seja, por muitas leituras que ela tenha feito de outros universos literários do mundo, ela tem que olhar o seu lugar", diz Tavares.

Não só a mulher, mas as sociedades em si são afetadas pelos acontecimentos quotidianos. A tomada do poder, no último dia 12, pelo autodenominado "Comando Militar" na Guiné-Bissau é um exemplo atual de situações extremas que influenciam as reflexões. O autor guineense Abdulai Silá havia sido convidado a participar na Bienal, mas não conseguiu sair do país.

Schlagworte:Ana Paula Tavares Wer hat das Bild gemacht?: Ericka de Sá Wann wurde das Bild gemacht?: 17/04/2012 Wo wurde das Bild aufgenommen?:Brasília Bildbeschreibung: Bei welcher Gelegenheit / in welcher Situation wurde das Bild aufgenommen? Wer oder was ist auf dem Bild zu sehen? Ana Paula Tavares In welchem Zusammenhang soll das Bild/sollen die Bilder verwendet werden?: Artikel / Bildergalerie / Dossier (Nichtzutreffendes bitte löschen, u. U. genauere Angaben ergänzen) - Der Fotograf / die Fotografin ist (freie) Mitarbeiter(in) der DW, so dass alle Rechte bereits geklärt sind.
Ana Paula TavaresFoto: DW/de Sá

Em Bissau, segundo Ana Paula Tavares, os momentos de reflexão acabam sendo raros. "Quando se tenta refletir, acontece qualquer coisa violenta que realmente perturba o quotidiano de toda gente. É impossível ficar indiferente a tudo isso que acontece", destaca.

Barreira da língua

A escritora moçambicana Paulina Chiziane também falou da dificuldade em encontrar, na produção atual, exemplos de textos que convidem à reflexão. "Quando aparece alguém com alguma ousadia e coloca o dedo na ferida, no princípio recebe muita resistência. Pessoalmente, quando comecei a escrever sobre mulheres e o que elas pensam, suportei uma oposição muito grande", conta Chiziane.

Uma dificuldade para esse engajamento, segundo ela, é a multiplicidade de línguas encontradas no continente e dentro dos próprios países. Isso acaba por ser um empecilho para que a literatura exerça a função urgente de recolha e recriação da sabedoria dos povos africanos, explica Chiziane.

"A língua portuguesa, apesar de ser uma vantagem é também uma barreira, porque mais de metade da minha população moçambicana não fala o português e nós trabalhamos na língua portuguesa. Muito poucos são os autores que escrevem em outras línguas. Ao escrevermos as nossas obras nós usamos o estereótipo europeu para escrever África e eu sinto isto com muita tristeza", diz a escritora.

África não é uma coisa só

Schlagworte:Ondjaki Wer hat das Bild gemacht?: Ericka de Sá Wann wurde das Bild gemacht?: 17/04/2012 Wo wurde das Bild aufgenommen?: Brasília. Wer oder was ist auf dem Bild zu sehen? Ondjaki - Der Fotograf / die Fotografin ist (freie) Mitarbeiter(in) der DW, so dass alle Rechte bereits geklärt sind.
Ondjaki critica generalização da literatura nos países africanosFoto: DW/de Sá

O angolano Ondjaki, criticou a organização da Bienal por ter chamado o grupo de autores como pertencendo a países de "expressão portuguesa". "Nós somos países africanos de língua portuguesa. Não temos que ser países africanos de expressão portuguesa, porque isto fica feio, é desagradável", reclamou.

Ondjaki argumenta que o continente é rico em cultura e expressões literárias e não pode ser considerado uma coisa só. "Eu penso que as literaturas vão ganhando corpo e identidade próprias. Com o tempo naturalmente a gente vai parar de dizer 'literaturas africanas' ou mesmo 'literaturas africanas de língua portuguesa'. Nós vamos começar a falar da literatura moçambicana, da literatura guineense, da literatura cabo-verdiana...”

Além dos escritores de Angola e Moçambique, também participou da primeira Bienal Brasília do Livro e da Literatura o cabo-verdiano Germano Almeida.

Autora: Ericka de Sá (Brasília)
Edição: Francis França/António Rocha

19.04.12 Brasil-Bienal de literatura africana - MP3-Mono