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CriminalidadeGuiné-Bissau

Bissau: Ministro pede provas sobre tráfico de drogas

Iancuba Dansó (Bissau)
29 de janeiro de 2024

O antigo primeiro-ministro Nuno Nabiam disse, no fim de semana, que "há droga em abundância na praça de Bissau". O ministro do Interior, Botche Candé, exige provas no espaço de uma semana.

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Ministro do Interior da Guiné-Bissau, Botche Candé
Ministro do Interior da Guiné-Bissau, Botche CandéFoto: DW/F. Tchumá

O ministro do Interior da Guiné-Bissau rejeita as denúncias de um aumento descontrolado da circulação de droga no país. Botche Candé acredita que as alegacões do antigo primeiro-ministro, Nuno Nabiam, são falsas, e recorreu a um exemplo do passado para sustentar a sua convicção.

"[Nuno Nabiam] teve a coragem de [em 2021] dizer que um avião do Presidente da República trouxe droga e armas. Escreveu ao mundo a pedir ajuda, os peritos vieram, o avião foi aberto e nada encontraram", afirmou Botche Candé.

Além disso, para o ministro do Interior, pelas funções que Nabiam ocupou e que ainda ocupa no país, não deveria fazer a denúncia num comício, porque teria acesso ao Presidente da República e demais autoridades do país para informar sobre a alegada circulação da droga.

Contudo, Botche Candé quer que o caso seja esclarecido e deu instruções aos comissários e comandantes da polícia para, no espaço de uma semana, tentarem encontrar provas sobre as denúncias de Nuno Nabiam.

Nabiam: "Há droga em abundância"

O ex-primeiro-ministro guineense, que atualmente é "conselheiro especial" do Presidente da República, fez as denúncias no fim de semana, durante um comício popular realizado em conjunto com o Partido da Renovação Social (PRS), em Bissorã, no norte da Guiné-Bissau.

Drogas apreendidas em Bissau (foto de arquivo)
A Guiné-Bissau tem sido usada como plataforma para fazer chegar a cocaína da América Latina para a EuropaFoto: ISSOUF SANOGO/AFP/Getty Images

"Tudo indica que, nesta altura em que estamos a falar, há droga em abundância na praça de Bissau", disse. "Apelamos à comunidade internacional para nos assistir, porque não temos a capacidade de controlar a droga nas nossas águas e no nosso aeroporto. Pedimos à comunidade internacional para nos ajudar, porque a droga acaba com a população e acaba com uma geração."

Nabiam insistiu que, sem o apoio da comunidade internacional, será impossível combater o tráfico de droga na Guiné-Bissau: "Hoje, na Guiné-Bissau, todos os políticos querem ser bilionários e há [por isso] sinais de droga no país. Quando eu era primeiro-ministro, trabalhei com as Nações Unidas e demais parceiros da Guiné-Bissau, e disse-lhes que não temos a capacidade de controlar o nosso país."

Apelo a investigação célere

O secretário de Estado da Ordem Pública, José Carlos Macedo, disse que as declarações de Nuno Nabiam são "inaceitáveis" e põem em causa a imagem do país e do Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló.

O partido de Nabiam, o APU-PDGB, faz parte do Executivo guineense de iniciativa presidencial, que governa o país.

Antigo primeiro-ministro guineense, Nuno Gomes Nabiam
Nuno Nabiam: "Apelamos à comunidade internacional para nos assistir, porque não temos a capacidade de controlar a droga"Foto: Iancuba Dansó/DW

À DW África, Gueri Gomes, coordenador Nacional do Fórum das Organizações da Sociedade Civil da África Ocidental (FOSCAO), diz que a denúncia de Nuno Nabiam é preocupante e apela à rápida intervenção das autoridades judiciárias guineenses.

"Quem fez a denúncia é uma figura de Estado que tem informações. Por isso, é extremamente preocupante e é preciso que as instituições com competência na matéria façam qualquer coisa", salienta.

Em setembro de 2018, o Conselho de Segurança das Nações Unidas manifestou preocupação com o tráfico de droga e crime organizado na Guiné-Bissau e pediu um reforço do apoio internacional para o seu combate.

Em 2019, numa operação denominada "Navarra", a Polícia Judiciária (PJ) guineense anunciou a apreensão de cerca de duas toneladas de drogas, a maior na história do país. A Guiné-Bissau chegou a criar uma comissão técnica para elaborar um novo plano nacional de luta contra o tráfico de droga, uma equipa que incluía magistrados judiciais, Polícia Judiciária e membros da sociedade civil.

Gueri Gomes conclui que "o Ministério Público tem de trabalhar, coadjuvado pela PJ, para que haja uma investigação e para que o próprio Nuno [Nabiam] seja chamado para dar informações sobre a denúncia que fez".

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