Boko Haram: 10 anos de ataques na Nigéria
29 de julho de 2019Na Nigéria, o último balanço divulgado neste domingo (28.07) aponta para 65 mortos e 10 feridos no ataque realizado no último sábado (27.07) pelo grupo jihadista Boko Haram a um grupo de homens que regressava de uma cerimónia fúnebre no nordeste do país.
Segundo as autoridades nigerianas, o ataque de sábado foi uma operação de represália, depois da morte de 11 combatentes do grupo e apreensão de armas pelos habitantes há duas semanas, quando o Boko Haram se tinha aproximado de uma aldeia próxima do estado de Borno, Maiduguri.
Um primeiro balanço indicava que o ataque havia deixado 23 mortos, mas dezenas de corpos foram depois descobertos numa aldeia próxima da capital, declarou Muhammed Bulama, chefe do Governo local.
"Eles foram atacados no cemitério. No local mataram 23 pessoas. Mais tarde, quando as restantes pessoas tentaram fugir, o grupo foi atrás delas e as assassinou. O que fez subir para 65 mortos", disse Bulama.
O governador do Estado de Borno, Babagana Umaru, Zulum condenou o ataque: "Eu pessoalmente vim aqui para condenar esse ataque, solidarizar-se com as famílias das vítimas e dar um suporta para que possam superar a perda irreparável".
10 anos de ataques do Boko Haram
O Boko Haram, com cerca de 26 mil membros – dos quais 1.800 recebem cerca de 50 dólares por mês –, tem estado ativo no nordeste da Nigéria, onde frequentemente ataca aldeias. A insurreição do Boko Haram naquela região e a sua repressão já fizeram mais de 32 mil mortos e mais de dois milhões de deslocados em 10 anos.
Tudo terá começado com a morte do fundador do grupo jihadista, Mohammed Yusuf, quando a organização passou de uma seita islâmica para uma organização terrorista mortal, tal como dizia em 2010, Abubakar Shekau, numa declaração de guerra feita através de um vídeo divulgado na internet.
"Esta é uma mensagem para o Presidente Goodluck Jonathan (então Presidente nigeriano) e todos os outros cristãos: estamos a pedir uma guerra santa! Vamos lutar contra os cristãos, porque todos sabem o que fizeram aos muçulmanos", anunicou Shekau.
Antes da morte de Mohammed Yusuf, o movimento ganhava popularidade particularmente nos estados situados no noroeste da Nigéria, nomeadamente Borno, Adamawa e Yobe. No início de 2009, confrontos eclodiram com forças de segurança durante protestos em todas as principais cidades do país. Yusuf tornou-se, assim, uma ameaça para o Estado nigeriano.
Reação do Governo
Entretanto, o Governo nigeriano reagiu com uma operação policial em larga escala, na qual o líder da seita islâmica foi preso. Em 30 de julho de 2009, segundo um porta-voz da polícia, Mohammed Yusuf é morto a tiros durante uma tentativa de fuga. Mas vários relatórios mencionam execução ilegal.
Naquela época, Mohammed Yusuf já havia nomeado um sucessor: Abubakar Shekau. Sob sua liderança, o Boko Haram começou uma implacável "guerra santa" contra o Estado nigeriano. E foi o começo de uma nova dimensão do terror, com muitos ataques suicidas, inclusive contra a sede da polícia na capital Abuja.
Os ataques do Boko Haram tornaram-se brutais e visam cada vez mais civis, apesar das operações realizadas pelas forças governamentais nas regiões mais visadas. Entretanto, o Presidente nigeriano, Mohammed Buari, anunciou neste domingo que interditou a atuação do Movimento Islâmico da Nigéria (IMN), após uma série de ataques mortíferos em Abuja.