Burkina Faso luta contra produto químico "Paraquat"
2 de maio de 2011A Organização Mundial de Saúde (OMS) calcula em três milhões o número anual de envenenamentos devido ao uso de produtos tóxicos, com mais de 200 mil mortos.
Na Europa, o Paraquat é proibido por ser considerado um risco demasiado elevado para as pessoas que com ele lidam. O Burkina Faso deixou de importar o herbicida há cinco anos, mas o produto continua à venda nos mercados. 80% da população daquele país africano trabalha na agricultura, daí que a procura de pesticidas de todo o tipo seja importante. Sylvain Ilboudo, pesquisador do Instituto de Farmacologia e Toxicologia da Universidade de Ouagadougou, colaborou num estudo sobre o Paraquat e sabe como o produto entra no país de forma ilegal: "Os agricultores dizem-nos que o herbicida chega de países como a Costa do Marfim, o Gana e a Nigéria", explica.
O estudo também revela indícios de envenenamento de numerosos camponeses que recorreram ao Paraquat. Ao todo, foram examinados 650 agricultores de três regiões. Quase metade aparentava problemas de saúde resultantes de pesticidas. Sylvain Ilboudo diz que duas pessoas morreram devido ao uso do Paraquat.
Não ao uso do Paraquat no mundo
O produto causou "mais problemas do que os outros pesticidas", diz Ilboudo e continua: "O produto é altamente tóxico e por isso exigimos uma proibição mundial da sua importação". A exigência é secundada pelo Governo de Ougadougou, que exige a integração do Paraquat na lista internacional de produtos tóxicos.
Esta lista é elaborada pelos representantes da chamada Convenção de Roterdão, um acordo entre cem Estados que controla o comércio mundial com produtos químicos. Atualmente estão na lista 50 produtos químicos, entre os quais 29 pesticidas. São produtos que só podem ser vendidos sob condições muito específicas. Há três anos que François Meienberg, da organização "Declaração de Beena", luta contra a comercialização do Paraquat. Segundo Meienberg, os representantes dos comerciantes tentaram impedir o Burkina Faso de levar avante o plano de interditar este herbicida, uma tentativa que acabou por sair frustrada. "Mas o que é chocante é que eles vão lutar em cada país individualmente para que o Paraquat continue a ser importado. Especialmente nos países africanos".
Um dos fabricantes, a empresa suíça Syngenta, recusou-se a prestar declarações à Deutsche Welle. Mais tarde, enviou uma declaração por escrito, na qual realça que o Paraquat ajuda milhões de agricultores e que, por isso, se esforçará por manter o produto no maior número de mercados possível.
Autor: Cristina Krippahl/Marta Barroso
Revisão: Renate Krieger