Cabeças de lista da FRELIMO: "O resgate da meritocracia"
22 de julho de 2019A Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) divulgou este fim de semana os cabeças de lista a governadores provinciais e ao Parlamento, assim como o manifesto do partido no poder às eleições de 15 de outubro.
A atual governadora do Niassa, Francisca Tomás, vai concorrer em Manica, e o seu homólogo de Cabo Delgado e quadro sénior da organização juvenil, Júlio Parruque, disputa o lugar na província de Maputo, enquanto o chefe do Executivo em Inhambane, Daniel Chapo, mantém-se na mesma província.
Destaque ainda para a indicação do antigo presidente do município de Quelimane, Pio Matos, para concorrer na província da Zambézia e do empresário e antigo primeiro secretário da FRELIMO em Sofala, Lourenço Bulha, que vai disputar o cargo na mesma província.
"Pessoas certas no lugar certo"
"Acho que está aqui em marcha uma transição geracional, é o resgate da meritocracia", afirma em entrevista à DW África o analista moçambicano Egídio Vaz, que elogia o partido no poder pela escolha de "pessoas certas no lugar certo".
"São pessoas que estão muito bem inseridas na sociedade. A sua colocação é intuitivamente demonstradora das prioridades sobre as quais o Governo a ser eleito, caso seja da FRELIMO, vai incidir", observa.
Como exemplo, Egídio Vaz cita a indicação para a província de Niassa de uma engenheira agrónoma e funcionária superior do Instituto Nacional do Algodão, Judite Massenguele, numa altura em que o partido pretende apostar mais na agricultura e priorizar a diversificação dos produtos de exportação.
O analista aponta ainda a indicação para Cabo Delgado de Valgy Tualibo, atual administrador de Palma, na província de Cabo Delgado, uma das zonas atingidas pela atuação de insurgentes armados, e que poderá contribuir para a segurança da região.
Incerteza eleitoral
A FRELIMO apresentou os seus cabeças de lista a governadores provinciais depois das outras duas principais forças políticas do país, a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) e o Movimento Democrático de Moçambique (MDM), terem anunciado as suas escolhas.
Olhando para os concorrentes apontados pelos três partidos, Egídio Vaz considera que tudo pode acontecer em algumas zonas do país. "Espero e antevejo lutas renhidas nas províncias de Sofala, da Zambézia e de Nampula, porque tradicionalmente a oposição teve vantagem. Todavia, tendo em conta a atual situação política dos partidos da oposição, julgo que a incerteza eleitoral está instalada."
A incerteza eleitoral nas zonas predominantemente da RENAMO e do MDM deve-se às grandes convulsões internas em que os dois partidos estão envolvidos, encontrando-se, neste momento, em processo de reorganização, lembra o analista.
FRELIMO aposta no combate à corrupção
Já a FRELIMO parte para as eleições de outubro com um manifesto centrado no combate à corrupção, na transparência governativa, justiça social e inclusão, segundo o líder do partido, Filipe Nyusi.
O chefe de Estado moçambicano destacou ainda a estabilização do desenvolvimento económico, a melhoria do ambiente de negócios, promoção da estabilidade macroeconómica, desenvolvimento do capital humano, melhoria da qualidade de vida dos moçambicanos e a industrialização.
O analista Egídio Vaz considera os objetivos realistas: "Ele concentra-se essencialmente em três pólos, tendo no homem a sua centralidade, mas também lança uma utopia realizável, que é a industrialização, e conta seguramente com os recursos que eventualmente começarão a afluir para Moçambique, de forma a diversificar a economia."