Cabinda: Petição contesta renovação com petrolífera Chevron
27 de dezembro de 2021Na petição, as organizações políticas esperam recolher pelo menos dez mil assinaturas.
Sera Bango, presidente da Associação Justiça, Paz e Democracia (AJPD), deplora os danos que algumas empresas de exploração de recursos em Cabinda têm vindo a causar ao ambiente e desafia a Procuradoria-Geral da República (PGR) a responsabilizar estas mesmas empresas.
"Em Cabinda, quantas vezes ouvimos relatos de danos ambientais? Acho que poderíamos ainda também desafiar a PGR. Quantas ações a PGR vai dar entrada contra as empresas que provocam danos contra o ambiente?", questiona.
Governo é aliado
São, pelo menos, sete as organizações políticas que lutam pela petição contra a maior empresa petrolífera, Chevron, tais como: Frente Consensual de Cabinda, União dos Cabindeses para Independência, Movimento Democrático de Cabinda e Movimento de Reunificação do Povo de Cabinda para sua Soberania.
Arão Bula Tempo, presidente deste movimento, acusa o Governo angolano de se aliar a estas empresas que exploram as riquezas de Cabinda deixando as populações na miséria.
"O problema grave que esse território passa desde 1975 é a ocupação militar do Governo angolano. Em todos esses 46 anos, com os contratos que sempre firmou com a Cabinda Golf Oil Company, o povo de Cabinda desconhece as receitas. Deixando o povo empobrecido e em degradação social, uma Cabinda desconstruída", revela.
Já Maurício Ngimbi, presidente da União dos Cabindas Independentistas (UCI), diz que a sua organização se manifestou dessa maneira para contestar a exploração desenfreada do petróleo a que se assiste no enclave.
"O nosso propósito visa contestar a exploração de petróleo em Cabinda, por que no entanto os autóctones não têm beneficiado da mesma exploração, portanto a petição está nessa base", afirma.
Interesse para uma elite
A exploração de recursos naturais é acompanhada, na maior parte dos casos, por impactos ambientais negativos. Antes, a Chevron, só explorava petróleo em offshore (exploração de petróleo no mar), mas atualmente a exploração é feita também em onshore (exploração em terra firme).
Belchior Taty, secretário-geral da Frente Consensual de Cabinda, diz que as riquezas do enclave se tornaram num interesse de uma elite bem identificada.
"Cabinda continua a ser aquela sanzala que vocês deixaram. Portanto, tiram a madeira, o petróleo e lá vão. Não melhorou nada. As suas riquezas não deveriam ser exploradas porque não se resolveu o problema deste território", entende.
Taty também defende que é preciso "ouvir as populações nessas áreas de exploração, as suas necessidades e fazer uma cronograma da concretização por prioridades".
Os políticos de Cabinda apelam às companhias que exploram o petróleo bruto no território para que revejam as suas políticas. Outros apelam ao Governo dos EUA a rever a situação, o mais rápido possível, já que os prejudicados de toda a exploração são as populações que nada beneficiam de tais riquezas.
Entretanto, a direção da petrolífera Chevron, em Cabinda, não se mostrou disponível a prestar quaisquer declarações relativamente a esta petição. Para a empresa acusada, tudo depende da central.