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Fuga de Palma leva centenas à fronteira com a Tanzânia

Lusa
29 de março de 2021

Estima-se que entre 200 e 500 pessoas, incluindo muitas crianças, tenham caminhado três dias até Namoto, junto ao rio Rovuma, em fuga dos ataques armados no distrito de Palma. Grupo pede ajuda ao Governo de Moçambique.

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Bauarbeiten Straße Palma - Mocimboa - Mueda
Foto: DW/Estácio Valoi

Centenas de pessoas que fugiram de Palma, norte de Moçambique, durante o ataque armado de quarta-feira (24.03), estão a chegar à fronteira com a Tanzânia, em Namoto, junto ao rio Rovuma, disse à agência de notícias Lusa, esta segunda-feira, um dos integrantes do grupo - que pede ajuda.  

Estima-se que entre 200 e 500 pessoas estejam já na povoação ribeirinha fazendo cerca de 50 quilómetros desde Palma, disse à Lusa Denis Iloko, num contacto telefónico para Pemba, sem conseguir precisar o número de deslocados porque "continua a aumentar". 

Os grupos incluem muitas crianças e estão todos a caminhar desde quarta-feira pelo mato, depois de deixarem tudo para trás quando grupos armados entraram na vila. 

"Temos muitas crianças aqui. Muitas crianças estão a morrer no mato. Uma senhora deu [à luz] aqui e foi socorrida para a Tanzânia", descreveu. 

O grupo que integra fugiu em direção a norte logo no dia do ataque. Os residentes alcançaram Namoto após três dias a caminhar, sem comida e sem água, enfrentando o terror. Desde quarta-feira, "houve pessoas capturadas e outras morreram".

"As que tiveram sorte", conseguiram "andar durante a noite para agora fazer a travessia".

À espera de transporte

"Temos medo. Estamos a pedir ajuda para o Governo coordenar com a Tanzânia" formas de transporte, referiu, aludindo ao "batelão grande" que ali costuma fazer a ligação entre margens.

Alefo, outro homem que fugiu de Palma e que ali se encontra, disse que um barco já levou um primeiro grupo de deslocados, que pretendem chegar a Mueda, sede de distrito moçambicana, mais para o interior de Cabo Delgado. "Um barco levou um grupo, mas ainda não voltou. O número de pessoas está a aumentar. Acho que há aqui 500 pessoas e outras a chegar", descreveu.

A vila sede de distrito que acolhe os projetos de gás do norte de Moçambique foi atacada na quarta-feira por grupos insurgentes que há três anos e meio aterrorizam a região. Dezenas de civis, incluindo sete pessoas que tentavam fugir do principal hotel de Palma, no norte de Moçambique, foram mortos pelo grupo armado que atacou a vila na quarta-feira, disse o Ministério da Defesa moçambicano, no domingo.