Cabo Delgado: Obras impedidas pelo terrorismo são retomadas
20 de setembro de 2021O ministro da Saúde de Moçambique anunciou que precisa de 1,7 milhão de euros para a reconstrução no Centro de Saúde de Palma, destruído em março pelos grupos armados em Cabo Delgado.
"É uma infraestrutura que tinha sido reabilitada recentemente e apetrechada com equipamento de ponta, está completamente destruída. É crime", declarou Armindo Tiago, falando durante uma visita para avaliar os danos da ação terrorista em Palma, citado pela Televisão de Moçambique.
No total, segundo o governante moçambicano, o Ministério da Saúde precisa de 1,7 milhões de euros para a reconstrução de duas novas enfermarias. Embora o bloco operatório tenha sido poupado, a parte do atendimento externo, incluindo a maternidade, foram vandalizadas, estando em curso a elaboração do cronograma para a reabilitação da infraestrutura.
"Tinha todo o equipamento e está tudo queimado hoje. É uma desolação total", declarou o ministro moçambicano.
Armindo Tiago avançou que o Executivo moçambicano procura meios de transformar o Centro de Saúde de Palma em hospital distrital. Além de Palma, segundo Armindo Tiago, o executivo moçambicano vai reabilitar as unidades de saúde dos distritos de Macomia e Mocímboa, pontos também afetados pela violência armada em Cabo Delgado.
Investida contra área de risco
O ataque a Palma, junto ao projeto de gás em construção, ocorreu em 24 de março, tendo provocado dezenas de mortos e feridos. O distrito acolhe o projeto de exploração de gás natural liderado pela Total, o maior investimento privado em África (na ordem dos 20 mil milhões de euros), entretanto suspenso devido à insegurança na região.
Quatro pontes metálicas vão ser instaladas até ao final do ano sobre os rios Messalo e Montepuez em estradas de Cabo Delgado, Moçambique, depois de intempéries e ataques armados terem travado obras de recuperação, anunciaram as autoridades.
As pontes vão ser colocadas na estrada nacional 380 (via asfaltada que liga norte ao sul de Cabo Delgado) e nas vias rurais 698 e 762, de ligação a Mueda e Quissanga, respetivamente, anunciou o diretor-geral da Administração Nacional de Estradas (ANE), Américo Dimande, citado por órgãos estatais.
A intervenção faz parte de um conjunto de trabalhos de emergência que decorre ainda na sequência dos estragos provocados pelo ciclone Kenneth em abril de 2019. O agravamento da insurgência armada na região desde àquela altura tem travado diversas operações no terreno.
As pontes metálicas a instalar resultam de um donativo do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) no valor de 810 milhões de meticais (10,8 milhões de euros). Cabo Delgado é uma província rica em gás natural, mas aterrorizada desde 2017 por rebeldes armados, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.