Cabo Verde está sob ameaça de grupo terrorista
17 de agosto de 2012
A intimidação do grupo Al-Qaida do Magreb Islâmico (AQMI) foi tornada pública esta sexta-feira (17.08) em Cabo Verde, pelo ministro da Defesa Nacional. A ameaça vem na sequência da recente cimeira dos Chefes de Estados da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), que decidiu enviar uma força de intervenção para o Mali, para repor a ordem constitucional.
O Mali vive uma profunda crise depois do golpe de Estado de 22 de março ter deposto o Presidente Amadou Toumani Touré. O norte do país está ocupado e é reivindicado por grupos radicais islâmicos. A AQMI apoia o movimento separatista de Azawad, no norte do país.
O ministro da Defesa cabo-verdiano, Jorge Tolentino, confirmou à DW África a ameça que visa vários países: “os grupos terroristas ligados ao Mali, designadamente aqueles que têm que ver com o movimento de sublevação no norte do Mali, emitiram uma ameaça generalizada a todos os países da região e não só, designadamente também às embaixadas de países como os Estados Unidos, a Grã-Bretanha e a França. E Cabo Verde entra neste rol de países da região contemplados por esta ameaça generalizada”.
Nesse sentido, as autoridades de Cabo Verde seguem o velho ditado, segundo o qual “mais vale prevenir do que remediar”. Segundo o ministro Jorge Tolentino, “desde 2 de agosto, o país está em regime de alerta intermédio, o que tem implicação direta ao nível dos aeroportos. Isso significa o aumento da presença e da capacidade de atuação das nossas forças de segurança, seja da Polícia Nacional seja nas Forças Armadas”.
De acordo com o ministro, o reforço das medidas de segurança tem-se pautado pela discrição, sem grandes alarmismos. As restrições de segurança estendem-se a algumas embaixadas sedeadas na capital, a Cidade da Praia.
Jorge Tolentino refere que “em algumas dessas embaixadas, como a dos Estados Unidos e a da França, que são mais diretamente visadas pela ameaça, as medidas são mais reforçadas, mas elas também existem em relação à generalidade de todas as embaixadas acreditadas aqui em Cabo Verde”. As medidas de segurança foram tomadas em concertação com as próprias embaixadas, rematou o ministro da Defesa Nacional, Jorge Tolentino.
Quase meio milhão de deslocados no Mali
A CEDEAO esteve reunida, entre 9 e 12 de agosto, para definir o envio de uma força de 3.300 soldados para o país, com vista a reconquistar o norte, dominado por grupos radicias islâmicos que defendem a implementação da “sharia”, a lei islâmica.
Aquela organização sub-regional aguarda agora um mandato da Organização das Nações Unidas, ajuda externa e um pedido formal de Bamako.
Desde meados de janeiro deste ano, mais de 500 mil pessoas foram forçadas a abandonar as suas casas, no Mali, e a procurar refúgio noutros pontos do país ou no estrangeiro. De acordo com o relatório sobre o país, do Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação dos Assuntos Humanitários, OCHA, as regiões de Tombuktu, Gao e Kidal, ocupadas por grupos fundamentalistas islâmicos armados, que tentam aplicar a lei islâmica no norte do Mali, contam com o maior númeo de deslocados: mais de 100 mil.
Entretanto, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura, FAO, defende que 4,6 milhões de pessoas necessitam de ajuda alimentar no país.
Autor: Nélio dos Santos (Cidade da Praia)
Edição: Glória Sousa / António Rocha