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EconomiaCabo Verde

Cabo Verde: Sindicatos contra subida de preços

Lusa
19 de novembro de 2021

Os dois maiores sindicatos cabo-verdianos manifestaram-se contra as subidas dos preços e do custo de vida no país, e pediram a reposição do poder de compra dos trabalhadores, com aumento salarial de 2%. 

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Kap Verde | Jose Maria Neves | neuer Präsident
José Maria Neves, Presidente de Cabo VerdeFoto: Inforpress/Xinhua/picture alliance

As posições foram manifestadas pelos líderes da União Nacional dos Trabalhadores Cabo-verdianos -- Central Sindical (UNTC-CS) e da Confederação Cabo-verdiana dos Sindicatos Livres (CCSL), após encontros separados com o Presidente da República, José Maria Neves, que está a ouvir vários quadrantes sociais sobre o Orçamento de Estado e a situação económica do país. 

UNTC-CS: Aumento do custo de vida pede aumento salarial

O primeiro sindicato a ser recebido foi a UNTC-CS, cuja secretária-geral, Joaquina Almeida, disse que abordou com o chefe de Estado a "situação complexa" dos trabalhadores e suas famílias, com a subida dos impostos e aumento do custo de vida. Por isso, exigie a reposição do poder de compra dos trabalhadores, com aumento salarial na função pública de 2%. 

"Nós pedimos 5% e pensamos que 2% é o mínimo", indicou a porta-voz da maior central sindical cabo-verdiana, mostrando-se igualmente contra a possibilidade do aumento do IVA de 15 para 17%, lembrando que essa proposta não foi discutida no conselho de concertação social. 

Para a líder sindical, o momento em que o país vive exige esforços de todos, não só dos trabalhadores e do cidadão comum, mas também do Governo e da classe política, em resposta ao facto de o executivo já ter descartado aumentos salariais para o próximo ano. 

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"Tudo o que vem da parte dos trabalhadores o Governo descarta sempre. Demonstra que os trabalhadores são sempre deixados para trás, mas esquecem-se que são os trabalhadores que contribuem para a construção e desenvolvimento do país", frisou. 

Outro assunto que a secretária-geral da UNTC-CS abordou com o chefe de Estado foi a sustentabilidade do sistema de segurança social em Cabo Vede, dando conta do "desvio" dos recursos para outros financiamentos que não a segurança social. 

"Também mostramos que há uma falta de respeito e dignidade para com os parceiros sociais, que há uma certa urgência para se dignificar a concertação social", terminou Joaquina Almeida.

CCSL: Trabalhador cabo-verdiano sem poder de compra

Seguiu-se a presidente da Confederação Cabo-verdiana dos Sindicatos Livres, José Manuel Vaz, que também considerou que a situação económica e social do país "não é nada fácil", derivado ao aumento do desemprego e da pobreza, dos preços da água, combustíveis e do IVA. 

"E o poder de compra dos trabalhadores cabo-verdiano está a diminuir", deu conta o dirigente sindical, defendendo um aumento salarial de 2,6%, igual à taxa de inflação prevista para o próximo ano. 

"Defendemos essa percentagem para que não haja uma heresia do salário, e do poder de compra dos trabalhadores e das famílias cabo-verdianas. Porque, perante os aumentos que temos no país, o trabalhador cabo-verdiano poderá chegar a um momento de não poder comprar nada, e aí vamos ter muitos problemas sociais", alertou José Manuel Vaz. 

O presidente disse que a CCSL apoia o Orçamento do Estado, porque o país não pode funcionar sem orçamento, mas pediu igualmente aumento do salário mínimo para 14 mil escudos (126 euros). 

Portugal Premierminister von Kap Verde  Ulisses Correia e Silva UCCLA
Ulisses Correia e Silva, primeiro-ministro de Cabo VerdeFoto: João Carlos/DW

Atualmente, Cabo Verde tem definido um salário mínimo nacional de 13.000 escudos (117 euros) no setor privado e de 15.000 escudos (135 euros) na função pública, mas o primeiro-ministro já afastou a possibilidade de um aumento devido à crise económica no país. 

Esta semana, o Presidente da República recebeu o Governo e os partidos políticos, nas suas primeiras auscultações aos vários quadrantes da sociedade cabo-verdiana após tomar posse, a 9 de novembro. 

"2022 será o ano da retoma económica"

A proposta de lei do Orçamento de Estado para o próximo ano, que vai ser discutida e votada no Parlamento na próxima semana, está orçada em cerca de 73 mil milhões de escudos (660 milhões de euros), menos 2% face ao orçamento em vigor. 

Prevê um crescimento entre 3,5% e 6%, para fazer a ponte entre a pandemia e a retoma económica, depois das previsões entre 6,5% e 7% este ano, e da forte recessão económica de 14,8% em 2020, por causa dos efeitos da pandemia da Covid-19. 

Já a inflação deverá situar-se entre 1,5% e 2%, o défice orçamental ainda negativo (- 6,1%), dívida pública de 150,9% do Produto Interno Bruto (PIB) e taxa de desemprego a reduzir para 14,2%, depois de 14,5% nos últimos dois anos. 

O primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, disse que é "um dos orçamentos mais difíceis" da história do país, garantindo que o momento que o país vive é transitório e que 2022 vai ser o ano da saída da crise e da retoma económica. 

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