Protesto em São Vicente contra retirada da TACV da ilha
16 de dezembro de 2018Centenas de pessoas marcharam, nesta manhã de domingo (16.12), rumo ao Aeroporto Internacional Cesária Évora para pedir o regresso das ligações aéreas da Cabo Verde Airlines (TACV) a São Vicente. Entre os cartazes erguidos pelos manifestantes, liam-se as seguintes mensagens: "São Vicente, Santo Antão e São Nicolau também contribuem para a TACV" e "São Vicente é também 100% Cabo Verde".
O movimento Sokols 2017 considera que a falta de voos diretos da Cabo Verde Airlines está a prejudicar a economia da ilha de São Vicente e de toda a região norte do país, que assim não está a conseguir aproveitar de todo o seu potencial.
Em declarações à agência cabo-verdiana de notícias, Inforpress, o líder do Movimento Sokols, Salvador Mascarenhas, manifestou-se "muito satisfeito" com a adesão dos sanvicentinos à manifestação e prometeu "outras formas de protesto", caso não haja "resposta do Governo". Salvador Mascarenhas, para quem a manifestação "ultrapassou a expetativa" dos organizadores, não concretizou quais seriam as formas "mais duras de protesto", mas sublinhou que chegou o momento de os governantes "ouvirem o povo".
"Queremos lembrar ao primeiro-ministro que o sistema político só funciona bem quando as instituições que produzem leis são sensíveis à influência da sociedade",disse à chegada ao Aeroporto Internacional Cesária Évora.
A TACV terminou as suas ligações diretas para São Vicente em setembro do ano passado, no âmbito da reestruturação que a companhia está a sofrer para ser privatizada, sendo que uma das medidas é a implementação da base de operações na ilha do Sal para os voos internacionais.
Também o presidente da Câmara Municipal de São Vicente, Augusto Neves, pediu a reposição dos quatro voos semanais da Cabo Verde Airlines para a ilha, lembrando que a empresa ainda é do Estado e que por isso deve garantir o serviço público.
"Governo não cede a pressões"
Em conferência de imprensa na cidade da Praia esta sexta-feira (14.12), o ministro dos Assuntos Parlamentares, da Presidência do Conselho de Ministros e Ministro do Desporto, Fernando Elísio Freire, afirmou, sem nunca se referir à Marcha de Indignação de Soncent, que "não é através da pressão política que as melhores decisões se tomam", nomeadamente no setor da aviação.
Fernando Elísio Freire recordou que "o Governo tem-se engajado de uma forma proativa na atração de investimentos privados para São Vicente e na facilitação do acesso de investidores nacionais a financiamento de grandes projetos, nomeadamente no setor do turismo". Para o ministro, "qualquer decisão sobre rotas internacionais a partir de qualquer das ilhas que dispõe de um aeroporto internacional deve ser devidamente fundamentada e tomada pela gestão da empresa, com base na sustentabilidade financeira e comercial".
"Não é através da pressão política que as melhores decisões se tomam, nomeadamente num setor sensível como os transportes aéreos, numa empresa a sair do estado de coma como a TACV e num país que precisa reduzir o risco soberano e aumentar a confiança junto do mercado, das instituições financeiras e dos parceiros de desenvolvimento", acrescentou.
TACV "disponível"
Entretanto, e esta sexta-feira (14.12), um dia antes da data agendada para o protesto, a TACV divulgou, em comunicado, que está disponível para avaliar as condições para a viabilização de voos para São Vicente e Praia, sublinhando que manterá sempre o foco no modelo de negócios assente no 'hub' aéreo no Sal.
Com a retirada da Cabo Verde Airlines, a transportadora aérea portuguesa TAP é a única companhia que faz voos internacionais regulares a partir de São Vicente para a Europa e os preços das passagens têm sido alvo de críticas por parte dos passageiros.