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Caso Bruno Candé: Partido organiza resposta a antirracistas

mp | com agências
30 de julho de 2020

Grupos antirracistas e antifascistas portugueses convocam protestos de repúdio ao assassinato do ator de origem guineense. Em resposta, conservadores fazem contramanifestação para dizer que "Portugal não é racista".

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Portugal André Ventura
Foto: Imago Images/GlobalImagens/A. Rolo

A setores conservadores e da direita portuguesa organizam uma "contramanifestação” no próximo domingo (02.08) para responder aos protestos antirracistas gerados pelo assassinato do ator de origem guineense Bruno Candé. A informação foi divulgada pelo deputado André Ventura, líder do partido "Chega” no Parlamento português.

Trata-se de uma ação de oposição aos grupos antirracistas e antifascistas que convocaram manifestações de repúdio ao assassinato de Candé para sexta-feira e sábado em Lisboa, Porto, Coimbra e Braga. Os atos ocorrem uma semana depois do crime e servirão de homenagem póstuma ao ator.

Segundo André Ventura, a contramanifestação de domingo servirá para cumprir o que sua corrente conservadora promete. "Sempre que a esquerda sair à rua para dizer que Portugal é um país racista, nós sairemos à rua com o dobro da força para mostrar que Portugal não é racista. As ruas [portuguesas] são da direita desde o aparecimento do Chega”, disse o parlamentar, cujas declarações foram publicadas por diversos jornais do país.

Em comunicado, a família do ator refere que "o seu assassino já o havia ameaçado de morte três dias antes, proferindo vários insultos racistas”. Para Ventura, porém, o "caso trágico do ator assassinado nada tem a ver com racismo”, publica o Jornal Observador.

Portugal Lissabon | Ermordung Bruno Candé, Schauspieler | Totenwache
Família e amigos reunidos no velório de Bruno CandéFoto: DW/J. Carlos

Bruno Candé, de 39 anos, estava ligado à companhia de teatro Casa Conveniente. Candé foi morto a tiros no último sábado (25.07) e deixou três filhos. Um homem está em prisão preventiva por homicídio qualificado e posse de arma ilegal. Trata-se de um enfermeiro reformado, de 76 anos, com quem Bruno Candé terá discutido dias antes por causa de sua cadela. Na ocasião, o suspeito teria desferido insultos racistas e ameaçado Candé, afirmando que tinha "armas do Ultramar" e que iria matá-lo, conforme publica a imprensa portuguesa.

Reação na Guiné-Bissau

O Parlamento da Guiné-Bissau decidiu enviar a Portugal uma delegação para apurar as circunstâncias da morte do ator. Os parlamentares guineenses condenaram o assassinato e encorajaram as "autoridades portuguesas a prosseguir as devidas diligências com a urgência necessária de modo a traduzir à Justiça o responsável por este ato ignóbil".

Na resolução, os deputados consideram que o crime ocorreu por "motivos racistas" e salientam que a "diversidade racial, cultural, étnica e religiosa representam do que de mais belo possui a humanidade" e que é da "responsabilidade coletiva a defesa e respeito por essa heterogeneidade planetária".

Na terça-feira, um grupo de cidadãos guineenses manifestou-se em frente à embaixada de Portugal em Bissau para pedir que a justiça seja feita no caso Bruno Candé. Os protestos também serviram para denunciar ataques racistas contra guineenses em Portugal.

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