CEDEAO reabre porta ao diálogo com o Níger
9 de agosto de 2023O Presidente da Nigéria, Bola Tinubu, que preside atualmente à Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), considera que a "diplomacia" é a "melhor via" para resolver a crise no Níger.
"A diplomacia é o melhor caminho a seguir”, frisou o seu porta-voz Ajuri Ngelale. "É preferível uma resolução que seja obtida por meios diplomáticos, por meios pacíficos, em vez de qualquer outra, e essa será uma posição que se manterá daqui para a frente, enquanto se aguarda outra resolução que possa ou não resultar da cimeira extraordinária da CEDEAO que se realiza na quinta-feira”, acrescentou.
A CEDEAO tinha ameaçado com uma eventual intervenção militar para restabelecer o Presidente Mohamed Bazoum, derrubado por um golpe de Estado em 26 de julho. Esta ameaça, sob a forma de um ultimato de sete dias dado aos militares golpistas nigerinos em 30 de julho pelos dirigentes da CEDEAO, não foi cumprida quando expirou no domingo à noite (06.08).
Nova cimeira
Uma nova cimeira dos chefes de Estado da CEDEAO sobre a situação no Níger está prevista para quinta-feira (10.08) em Abuja, capital da Nigéria, que detém atualmente a presidência rotativa da organização regional.
Em Washington, o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, disse que a diplomacia norte-americana ainda tem esperança de que o golpe de Estado no Níger chegue ao fim, mas continua "realista" quanto à situação.
"Penso que é muito lamentável e está de acordo com a mensagem que ouvimos ontem: quando a vice-secretária interina Nuland apresentou opções para uma via diplomática e um processo negociado, eles não estavam dispostos a seguir esse caminho. Vamos continuar a tentar, mais uma vez reconhecendo plenamente o quão difícil é esse caminho”, sublinhou.
Niamey rejeita delegação internacional
A tomada de posição norte-americana surge horas depois de se saber que a junta militar no poder no Níger recusou receber em Niamey uma delegação tripartida, que incluía representantes da CEDEAO, da União Africana (UA) e da Organização das Nações Unidas (ONU).
Entretanto, o chefe do grupo mercenário russo Wagner, Yevgeny Prigozhin, disse que os Estados Unidos estão dispostos a reconhecer a junta militar responsável pelo golpe de Estado no Níger, só para evitar a presença de elementos desta organização no país.
"Os Estados Unidos reconhecem um Governo, que não reconheceram ontem, apenas para evitar encontrar o grupo Wagner no país. Estamos sempre do lado do bem, da justiça e do lado daqueles que lutam pela soberania e pelos direitos do seu povo. Chamem-nos em qualquer altura”, afirmou Yevgeny Prigozhin, num áudio difundido nos canais do Telegram associados à organização.
A Comissão Europeia considerou entretanto que ainda "há uma possibilidade de mediação" para reverter o golpe militar no Níger e advertiu que "não haverá consequências positivas" com a sedimentação do poder tomado à força.