Dhlakama: Cerimónias fúnebres a 9 e 10 de maio
5 de maio de 2018As cerimónias fúnebres de Afonso Dhlakama, presidente da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), vão decorrer na quarta-feira, dia 9 de maio, a partir das 08:00, no campo desportivo do Ferroviário da Beira, anunciou este sábado (05.05) a comissão política nacional do partido.
O corpo do líder da oposição de Moçambique vai sair da morgue do Hospital Central da Beira diretamente para o recinto, que vai acolher as cerimónias públicas, detalhou Ossufo Momade, coordenador da comissão política, numa conferência de imprensa na cidade da Beira.
Na quinta-feira, dia 10 de maio, será realizado o funeral organizado pela família em Mangunde, distrito de Chibabava, no interior da província de Sofala, terra natal do líder da RENAMO, a cerca de 300 quilómetros da Beira.
Durante o anúncio do programa das cerimónias, Ossufo Momade pediu aos membros e simpatizantes do partido e à sociedade em geral "muita calma e coragem".
O programa foi acordado entre o maior partido da oposição moçambicana e familiares de Dhlakama, referiu Ossufo Momade. O anúncio ocorreu depois de uma reunião da comissão política nacional da RENAMO iniciada na sexta-feira à tarde na cidade da Beira.
O Conselho de Ministros moçambicano já tinha anunciado na sexta-feira, após reunião extraordinária, em Maputo, que Dhlakama teria um funeral oficial ao abrigo do estatuto especial do líder do segundo partido com assento parlamentar (líder da oposição). Segundo o jornal moçambicano CanalMoz, o Governo não vai decretar luto nacional.
Ossufo Momade eleito presidente interino
Entretanto, o ex-deputado e antigo secretário-geral da RENAMO Ossufo Momade foi nomeado presidente interino do partido, na sequência da morte de Afonso Dhlakama, na quinta-feira, na Serra da Gorongosa, devido a complicações de saúde.
A informação foi avançada este sábado pelo porta-voz da RENAMO Alfredo Magumisse: "O tenente-general Ossufo Momade foi eleito por unanimidade coordenador do trabalho da comissão política nacional da RENAMO".
A morte inesperada de Dhlakama gera incerteza quanto aos próximos passos nas negociações de paz com o Presidente Filipe Nyusi. "Nós vamos dar honra e dignidade ao trabalho que ele [Afonso Dhlakama] iniciou", referiu Ossufo Momade, coordenador do órgão nacional, na conferência de imprensa da RENAMO na cidade da Beira.
O líder da oposição e o Presidente de Moçambique já tinham divulgado, em fevereiro, um acordo acerca da descentralização do poder, permitindo a eleição de autoridades regionais e locais. A proposta de alteração constitucional para acomodar o acordo, a tempo das eleições autárquicas de 10 de outubro, encontra-se em discussão na Assembleia da República.
Ficou por anunciar antes da morte de Dhlakama um outro entendimento relativo à desmilitarização, desmobilização e reintegração do braço armado da RENAMO. Um novo acordo para a paz em Moçambique depende dos dois dossiês, conforme foram anunciando Filipe Nyusi e o líder da oposição, nos últimos meses, num tom geralmente otimista sobre o decorrer das negociações.
Momade disse ainda que vai liderar a RENAMO até o próximo congresso, cuja data não avançou. "A partir daí vamos ter alguém para decidir em relação aos destinos do partido", acrescentou Momade, sem mais pormenores. "Deixem-nos realizar o funeral do nosso presidente. Não é altura de procurarmos o dia e a data em relação àquilo que vai acontecer no futuro", concluiu.
Ossufo Momade era até agora chefe do departamento de defesa da RENAMO. Foi ainda nessa qualidade que na sexta-feira à noite leu o primeiro comunicado oficial do partido, em que a RENAMO confirmava a morte do seu líder.