Cessar-fogo na Faixa de Gaza entra em vigor no domingo

Mohammed Bin Abdulrahman Al Thani, primeiro-ministro do Qatar, que anunciou o acordo esta quarta-feira (15.01), informou que as partes acordaram ainda "a entrega de grandes quantidades de ajuda humanitária aos irmãos palestinianos na Faixa de Gaza."

O Presidente norte-americano, Joe Biden lembrou que os 15 meses de conflito na Faixa de Gaza foram marcados por "terror para os reféns, as suas famílias, o povo israelita. Mais de 15 meses de sofrimento para o povo inocente de Gaza."

O gabinete do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, diz que  "os detalhes finais" do cessar-fogo entre Israel e o Hamas na Faixa de Gazae troca de reféns ainda estão a ser ultimados.

Mas o Hamas já emitiu uma declaração nas redes sociais confirmando o acordo de cessar-fogo. Diz em comunicado que este acordo é o resultado da lendária firmeza do nosso grande povo palestiniano. Acrescentando que "é uma conquista do nosso povo, da nossa resistência, da nossa nação e dos povos livres do mundo”.

Já o Presidente do Israel, Isaac Herzog declara que a assinatura do acordo de cessar-fogo com o grupo Hamas, é o passo correto: "Esta é uma ação importante e necessária. Não há maior obrigação moral, humana, judaica ou israelita do que trazer os nossos filhos e filhas de volta para junto de nós - seja para recuperarem em casa, seja para serem sepultados."

Mas, o ministro dos Negócios Estrangeiro de Israel, Gideon Sa'ar, afirmou que se trata de uma decisão muito difícil que o Governo israelita terá de aceitar. "Mas nós temos um compromisso para com os nossos irmãos, para com as nossas irmãs. Fizemos o nosso melhor e trouxemos para casa a maioria dos reféns, mas 98 deles ainda estão retidos", destacou.

Notícia celebrada por israelitas e palestinianos

Tanto israelitas como palestinianos celebraram a notícia do cessar-fogo em várias cidades no mundo. Por enquanto, várias famílias esperam a libertação dos reféns e dos prisioneiros.

"A nossa luta não foi em vão. Suportámos mais de um ano de guerra, uma guerra brutal que destruiu tudo - mártires, crianças, mulheres, homens e até animais", destaca Medhat Abu, que abandonou a Faixa de Gaza para o Egito e de lá comemora a trégua.

Mohammed Al-Jabali também sobreviveu ao conflito. "Podemos respirar de alívio. O sofrimento do nosso povo foi aliviado. Apesar da destruição, iremos restaurar tudo, tal como fizemos no passado e como fizeram os nossos antepassados", declarou.

Arnon Cohen é israelita e aguarda há várias semanas pelas notícias sobre os reféns que continuam nas mãos do Hamas. "Queremos tê-los todos aqui. Porque não está a acabar, não é suficiente se apenas alguns deles vierem", afirmou.

Na mesma situação está Adi Alexander cujo filho foi sequestrado pelo grupo Hamas a 7 de outubro de 2023. "Espero que o pesadelo tenha acabado, para as famílias que estão à espera que os seus entes queridos sejam enterrados em Israel", disse.

Reações mundiais

Vários líderes mundiais já reagiram ao acordo. O secretário-geral da ONU, António Guterres fala de um passo importante para aliviar o sofrimento causado pelo conflito. "As Nações Unidas estão prontas a apoiar a aplicação deste acordo e a intensificar a prestação de ajuda humanitária sustentada aos inúmeros palestinianos que continuam a sofrer", declarou.

Por seu turno, o Presidente eleito do EUA, Donald Trump recomendou ao grupo Hamas a respeitar o acordo.

O presidente do Conselho Europeu, António Costa, espera que o acordo permita o "acesso imediato" da ajuda humanitária ao enclave.

Por seu turno, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, escreveu na rede social X, que "isto traz esperança a toda a região, onde as pessoas suportaram um enorme sofrimento durante demasiado tempo".

Von der Leyen espera que as partes em conflito "cumpram este acordo na totalidade, como um trampolim para uma estabilidade duradoura na região e uma resolução diplomática do conflito".