Chade: Opositor na vice-presidência do comité do diálogo
14 de agosto de 2021"Quero que todos os chadianos estejam à volta da mesa para discutir os nossos problemas", afirmou, segundo a agência noticiosa France-Presse (AFP), Kebzabo, que já se candidatou várias vezes à Presidência contra Idriss Déby.
A sua nomeação para o comité do diálogo inclusivo foi oficializada este sábado (14.08) através um decreto.
"Lanço um apelo urgente à oposição armada para que ponha de lado todas as outras considerações. O grande obstáculo, que era Déby, já não está lá. Devemos sentar-nos, olhar-nos nos olhos e dizer a verdade uns aos outros para recomeçarmos sobre novas bases numa estrutura democrática", explicou Kebzabo, estimando que "a rebelião armada minou o Chade durante cerca de 50 anos".
Em maio, dois membros do seu partido juntaram-se ao Governo de transição e Kebzabo reconheceu as autoridades militares no poder.
"Apelo urgente"
Na terça-feira (10.08), durante um discurso à nação na véspera do Dia da Independência, o presidente do Conselho Militar de Transição (CMT), Mahamat Idriss Déby Itno, filho do antigo chefe de Estado, lançou "um apelo urgente aos político-militares".
"Eles têm a obrigação patriótica de reconsiderar as suas", disse Mahamat Déby, pedindo um "diálogo franco e sincero" com os movimentos político-militares e notou que a comissão organizadora terá de "definir as modalidades práticas e operacionais".
O regime tinha até agora excluído o diálogo com a Frente para a Mudança e Concórdia do Chade (FACT, na sigla em inglês), que lançou uma ofensiva a 11 de abril, dia das eleições presidenciais, durante a qual o Presidente Déby, que tinha governado o país com punho de ferro durante 30 anos, foi morto. O FACT foi então rapidamente repelido.
Condições para o diálogo
Por seu turno, o porta-voz da FACT, Kingabé Ogouzeimi de Tapol, disse à AFP estar a "um passo na direção certa", mas avançou condições prévias para a sua participação no diálogo, incluindo "amnistia geral para todos os político-militares, opositores no exílio e a libertação de todos os nossos ativistas".
No anúncio da morte do Presidente Déby, o seu filho assumiu os títulos de Presidente da República e Chefe Supremo do Exército. Prometeu eleições "livres e democráticas" no final de um período de transição renovável de 18 meses, mas não excluiu a possibilidade de uma prorrogação da transição.
Idriss Déby Itno chegou ao poder em 1990 depois de um golpe de Estado ter derrubado o ditador Hissène Habré. Morreu, em 20 de abril, vítima de ferimentos em combate contra forças rebeldes, um dia depois de ter sido reeleito, com 79,32% dos votos.