Rebeldes suspendem negociações de paz
17 de julho de 2022"Observamos com pesar que as negociações estão paralisadas", anunciaram num comunicado conjunto emitido na noite deste sábado (16.07).
No mesmo documento, os dirigentes político-militares do Grupo Roma, do Grupo de Doha e da Coordenadora Nacional para a Mudança e Reforma condenaram o que consideram de "manobras desestabilizadoras dos diferentes grupos da delegação do governo".
Os dirigentes rejeitaram "mais uma vez o mau ambiente de trabalho que prevalece nas negociações de paz em Doha", bem com as "manobras delatórias" da delegação governamental destinadas a "perturbar a serenidade das negociações".
Também julgaram a "ausência quase total" de uma sessão plenária e, portanto, de debates diretos com o governo.
Por fim, os signatários disseram que tomaram conhecimento da nova data para o diálogo nacional, marcada para 20 de agosto, mas lamentaram que tenha sido decidida "sem consulta prévia ou informação direta".
O comunicado foi emitido após a junta militar que lidera o Chade ter anunciado na última quinta-feira (14.07) a data do diálogo de reconciliação nacional, adiada várias vezes desde que tomou o poder em abril de 2021.
O Chade é governado por um Conselho Militar de Transição (CMT) desde a morte do presidente Idriss Déby Itno -- que governava o país desde 1990 -- em abril do ano passado, durante violentos confrontos entre rebeldes e o Exército.
Após tomar o poder, a CMT, liderada por Mahamat Idriss Déby, de 38 anos, filho do chefe de Estado falecido, anulou a Constituição e dissolveu o Governo e parlamento.
Em meados de março de 2022, o Chade iniciou negociações preliminares no Qatar para "um diálogo nacional inclusivo" com os grupos rebeldes armados locais, com o objetivo de incorporá-los no processo.
O diálogo nacional foi inicialmente convocado para 15 de fevereiro, mas três semanas antes as autoridades decidiram adiá-lo pela primeira vez até 10 de maio. Voltou a ser adiado -- sem data fixa -- após a recomendação dos mediadores do Qatar.
Mahamat Idriss Déby prometeu a realização de eleições livres e democráticas dentro de 18 meses, após um "diálogo nacional inclusivo" com toda a oposição política e vários grupos rebeldes.
Desde o início, o CMT tem contado com o apoio da comunidade internacional, liderada por França, União Europeia e União Africana, uma vez que o Exército do Chade é um dos pilares da guerra contra os grupos 'jihadistas' na região do Sahel, em conjunto com as tropas francesas da Operação Barkhane.