MNE russo chega hoje a Angola para encontros bilaterais
24 de janeiro de 2023A chegada de Serguei Lavrov ao Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro está marcada para as 18:05 locais, realizando-se o programa oficial apenas no dia seguinte.
Na quarta-feira (25.01), o chefe da diplomacia russa, acompanhado da sua delegação, vai encontrar-se de manhã com o ministro das Relações Exteriores, Téte António, seguindo depois para uma audiência com o Presidente angolano, João Lourenço.
O ministro russo visita em seguida o Memorial Dr. António Agostinho Neto, bem como o jazigo do ex-Presidente angolano José Eduardo dos Santos, que morreu em 8 de julho do ano passado.
Lavrov segue logo depois para uma visita guiada ao Museu Nacional de História Militar, antes de passar pela Escola da Embaixada da Federação Russa. O diplomata regressa a Moscovo na quinta-feira (26.01) de manhã.
Aproximação aos EUA e UE
A visita acontece numa altura em que Angola, após se posicionar de forma neutra perante a guerra na Ucrânia, abstendo-se de votar uma resolução das Nações Unidas condenando a invasão russa, em março, juntou-se em outubro à maioria dos países que condenaram a anexação de territórios ucranianos pela Rússia.
Angola tem vindo a reposicionar-se nos últimos meses em termos de política externa, aproximando-se dos Estados Unidos da América (EUA) e da União Europeia (UE), e distanciando-se da Rússia.
Em meados de janeiro, João Lourenço disse que era hora de negociar a paz na Europa, voltando a apelar a um cessar-fogo definitivo e incondicional por parte da Rússia para criar o "necessário ambiente negocial" entre as partes.
O chefe de Estado angolano apontou a guerra na Ucrânia como "uma séria ameaça à paz e segurança" da Europa e do mundo, provocando a maior crise energética, alimentar e humanitária desde a Segunda Guerra Mundial.
Em abril de 2019, João Lourenço visitou Moscovo e discursou perante os 450 deputados da Duma (a Câmara Baixa do parlamento russo) incentivando a uma maior cooperação empresarial em áreas que contribuam para a diversificação da economia angolana.
Citado na altura pelo Jornal de Angola, o Presidente angolano falou sobre parcerias público-privadas e empresas mistas russo-angolanas e lembrou que é "em momentos de crise que se reconhecem os amigos", numa alusão à necessidade de a Rússia apoiar Angola no seu objetivo de se libertar de uma economia praticamente dependente das receitas do petróleo.
África do Sul declara-se "amiga" da Rússia
Lavrov chegue a Angola depois de uma visita à África do Sul, que reforçou a proximidade com Moscovo ao declarar-se "amiga", durante um encontro dos chefes da diplomacia dos dois países, na segunda-feira (23.01)
A manifestação de amizade de Pretória - que na semana passada anunciou a realização em fevereiro de exercícios navais conjuntos com as marinhas russa e chinesa, de 17 a 27 de fevereiro - foi feita pela ministra dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação, Naledi Pandor, durante um encontro com Serguei Lavrov, no qual reivindicou a "soberania" sul-africana para decidir com quem estabelece relações.
A operação naval "faz parte de um programa de exercícios militares que as forças de defesa sul-africanas têm no âmbito de acordos com muitos países de todo o mundo", argumentou hoje Pandor, numa conferência de imprensa conjunta com Lavrov, cerca de um mês antes do primeiro aniversário da invasão russa da Ucrânia.
A ministra sul-africana questionou ainda por que motivo "ninguém fez perguntas" sobre outros exercícios militares realizados no passado com países ocidentais, como a França ou os Estados Unidos.
Os exercícios visam melhorar as competências das tropas sul-africanas "para que possam responder a uma série de situações, incluindo a gestão de desastres, em que o Exército está frequentemente envolvido", disse a governante.
Rússia desenvolve cooperação militar
Serguei Lavrov também defendeu as manobras, assegurando que são um teste à vontade da Rússia de "desenvolver" a sua cooperação militar e lamentou que o Ocidente as esteja a apresentar "como preocupante, quando é uma prática completamente comum" entre os países.
O Governo sul-africano garantiu no ano passado que adotou uma posição neutra sobre a guerra na Ucrânia e pediu diálogo e diplomacia para resolver o conflito, mas a oposição acusou o executivo de apoiar a Rússia, ao recusar condenar o país pela invasão da Ucrânia.
"Reiteramos a nossa posição de que as preocupações de ambas as nações devem ser abordadas neste processo diplomático", enfatizou a chefe da diplomacia sul-africana.
A África do Sul, Rússia e China integram o grupo de economias emergentes BRICS, bloco que também inclui Brasil e Índia e cuja presidência rotativa é exercida este ano por Pretória.