Coronavírus: Número de mortes sobe para 722
8 de fevereiro de 2020O número de mortos provocado pelo surto do novo coronavírus na China aumentou para 722, anunciou a Comissão Nacional de Saúde chinesa, que registou um aumento de novos casos superior ao que se vinha verificando nos últimos dias. Este sábado (08.02), contam-se mais 3.399 casos, enquanto na sexta-feira tinha havido 3.143 novas infeções. Nos últimos dia, o número de novos casos tinha vindo a descer.
Entretanto, a embaixada dos Estados Unidos fez saber que um norte-americano morreu devido ao novo coronavírus em Wuhan, cidade chinesa onde começou o surto.
"Podemos confirmar que um cidadão norte-americano, de 60 anos, declarado portador do coronavírus morreu num hospital de Wuhan, no dia 06 de fevereiro", disse um porta-voz da embaixada dos Estados Unidos em Pequim.
Também a diplomacia japonesa anunciou que um japonês sexagenário, suspeito de estar infetado com o coronavírus, morreu num hospital de Wuhan. O Ministério dos Negócios Estrangeiros do país indicou, no entanto, que o homem tinha sido hospitalizado devido a uma grave pneumonia viral, sem que a causa tivesse sido formalmente identificada.
Na quinta-feira, o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês indicou que 19 estrangeiros tinham sido infetados na China, incluindo dois que já tinham recuperado. A nacionalidade dos pacientes não foi divulgada.
Vírus expõe "falhas" do regime
Em entrevista à DW, o historiador chinês Zhang Lifan afirma que a epidemia expõe algumas falhas críticas no sistema de governança da China e prova que "17 anos após a epidemia da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS) - que entre 2002 e 2003 matou 650 pessoas na China continental e em Hong Kong -, "o governo não estabeleceu um sistema público de prevenção de epidemias".
Para este historiador, a atual epidemia expõe outro tipo de vírus na China, que é o "vírus da burocracia" e representa um verdadeiro desafio para o Partido Comunista. Zhang Lifan diz não ter dúvidas de que o governo chinês tem como prioridade "salvaguardar o seu regime".
"A equipa encarregada de liderar os esforços para conter o vírus no país é uma equipa "amadora" que tenta dar ordens a um grupo de especialistas em saúde pública. A sua verdadeira função não é conter o vírus, mas manter a estabilidade social na China", afirma este historiador chinês que acrescenta: "[ao contrário de outras crises], a internet permitiu que a informação sobre a epidemia fosse partilhada muito rapidamente, o que intensifica o nível de desafio para o governo chinês. Apesar de Pequim tentar censurar a discussão online sobre o coronavírus, eles ainda não conseguem fazer com que haja um apagão total. O povo chinês já conhece a maioria dos factos sobre a epidemia. Provavelente, muitos dos oficiais chineses sabem que estão a mentir sobre o coronavírus".