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Desastres

Ciclone Idai: Número de mortos em Moçambique sobe para 242

Johannes Beck | Lusa | Reuters | EFE
21 de março de 2019

Número de vítimas da tempestade em Moçambique continua a aumentar. Ministra da África do Sul questiona capacidade da SADC de lidar com estas catástrofes naturais e Alemanha disponibiliza mais ajuda.

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Mosambik Zyklon Idai | Zerstörung und Hilfe
Imagem aérea de Búzi, sul da província de SofalaFoto: Reuters/S. Sibeko

O ministro da Terra e do Planeamento Territorial, Celso Correia, disse na quinta-feira (21.03) que o total de vítimas mortais do ciclone Idai registados até ao momento é de 242 em todo o país. A maior parte dos mortos registou-se em Sofala, a província mais afetada pela tempestade tropical.

No entanto, milhares de pessoas - principalmente na província central de Sofala, como na região de Búzi - ainda estão à espera de ajuda, muitos refugiaram-se em tetos de edifícios ou árvores. Aguardam a chegada de barcos pesqueiros ou dos poucos helicópteros que operam no país. Na quarta-feira (20.03), Celso Correia tinha estimado que estavam ainda em risco cerca de 15 mil pessoas.

O ciclone Idai é uma das maiores catástrofes naturais desde a independência de Moçambique em 1975, ultrapassado apenas pelas cheias desastrosas no início ano de 2000 que vitimaram cerca de 700 pessoas no país.

Mosambik Zyklon Idai | Zerstörung und Hilfe
Chegada de material de ajuda pela Cruz Vermelha de Moçambique na cidade da BeiraFoto: Reuters/IFRC/RCRC Climate Centre

Mais ajuda anunciada pela Alemanha

A Alemanha disponibiliza mais um milhão de euros de ajuda humanitária imediata às pessoas afetadas pelo ciclone Idai e inundações no centro. "Estes fundos deverão ser usados para cobrir as necessidades humanitárias mais urgentes", anunciou a embaixada alemã em Maputo.

A chanceler alemã, Angela Merkel, endereçou as suas mais sentidas condolências ao Presidente da República de Moçambique, Filipe Nyusi.

O embaixador da Alemanha em Moçambique, Detlev Wolter, disse que "a Alemanha está desolada com as destruições devastadoras causadas pelo ciclone Idai e pelas massivas inundações que fustigaram as províncias do centro de Moçambique. Neste momento de dor, nos juntamos a Moçambique e os nossos pensamentos e compaixão estão com as pessoas afetadas e com os familiares das vítimas."

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A chefe da diplomacia sul-africana, Lindiwe Sisulu, disse no Parlamento da África do Sul que os países da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) não têm capacidade para responder a catástrofes naturais como o ciclone Idai. "Nós, como coletivo, como SADC, temos de aumentar a capacidade de deteção das alterações climáticas porque estávamos completamente despreparados. A SADC dependia da capacidade da África do Sul", afirmou.

A passagem do ciclone em Moçambique, Malawi e Zimbabué – os três países membros da SADC – provocou mais de 400 mortos, segundo balanços provisórios divulgados pelos respetivos governos. No Zimbabué, as autoridades contabilizaram aproximadamente 100 mortos, enquanto no Malawi as estimativas apontam para cerca de 56 mortos.

Nos três países, e de acordo com números divulgados nesta quinta-feira (21.03) pelo Programa Mundial Alimentar (PAM) das Nações Unidas, em Genebra, o ciclone Idai atingiu pelo menos 2,8 milhões de pessoas. A Cruz Vermelha Internacional indicou que aproximadamente 400.000 pessoas estão desalojadas na Beira.

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Tiago Dionísio, o economista-chefe da consultora Eaglestone, considera que rasto de destruição do ciclone Idai no centro de Moçambique vai levar ao abrandamento do crescimento económico de Moçambique. "As infraestruturas do país, nomeadamente as linhas de caminho de ferro que ligam a região de Tete (onde é extraído o carvão do país) ao porto da Beira, terão sido muito danificadas; isto poderá ter um forte impacto nas exportações de carvão, que em 2018 representaram quase 35% das exportações totais do país", disse o economista.

O ciclone e os seus impactos serão "um enorme desafio para o Governo", disse Dionísio. O economista acha que os danos vão obrigar o Governo de Moçambique a interromper temporariamente a consolidação orçamental: "Estes acontecimentos deverão levar a um aumento da despesa pública nos tempos mais próximos e, assim, interromper temporariamente os esforços de consolidação orçamental necessários para reduzir os elevados níveis de dívida pública do país", disse Tiago Dionísio em declarações à Lusa, a agência de notícias portuguesa.

"Depois do forte abrandamento da atividade económica, e de um período marcado por uma elevada volatilidade, registado após a divulgação de dívidas ocultas em Abril 2016, a economia moçambicana tem vindo a demonstrar alguns sinais de estabilização nos últimos trimestres, contudo, este trágico acidente deverá ter um impacto muito significativo na economia do país", acrescentou o economista-chefe da consultora Eaglestone.

Johannes Beck
Johannes Beck Chefe de redação da DW África