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Com golpe no Mali, Alemanha suspende ajuda financeira ao país

30 de março de 2012

O Mali foi um dos países africanos que mais beneficiou da ajuda ao desenvolvimento alemã. Há cerca de uma semana, militares tomaram o poder no país. Será este o fim definitivo da ajuda alemã?

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Há cerca de uma semana, um golpe de estado pôs no governo do Mali uma junta militar
Há cerca de uma semana, um golpe de estado pôs no governo do Mali uma junta militarFoto: dapd

Juntamente com a França, os Estados Unidos da América, a Holanda e o Canadá, a Alemanha é um dos maiores parceiros de ajuda ao desenvolvimento do Mali. Só nos últimos três anos, o Governo de Berlim assistiu Bamako com mais de 110 milhões de euros.

Mas, tal como fizeram a União Europeia e Washington, também a Alemanha suspendeu agora a assistência, anunicou o ministro responsável pelo pelouro, Dirk Niebel, logo na sexta-feira (23.03), um dia após o golpe de Estado militar. O que isso significa concretamente, é que para já está interrompido o pagamento para projectos no âmbito da cooperação bilateral.

Apesar do corte na ajuda, projetos continuam

Yehia Ag Mohammed Ali, o coordenador do programa Mali Norte, não vê motivo para preocupação, apesar do seu projeto de irrigação estar a ser financiado com dinheiros alemães. Ele admite que pode haver alterações no que toca novos financiamentos, mas não espera uma mudança imediata.

Projeto de irrigação Mali Norte é financiado com dinheiro alemão, mas o coordenador acredita que o trabalho não será interrompido
Projeto de irrigação Mali Norte é financiado com dinheiro alemão, mas o coordenador acredita que o trabalho não será interrompidoFoto: Barbara Papendieck

"Para aqueles [projetos] em curso foram assinados contratos que deverão ser respeitados. Temos certas obrigações que, penso, iremos cumprir na íntegra", revela.

Futuro incerto

Atualmente o Ministério Alemão da Cooperação Económica ainda analisa os projetos que deverão continuar a ser financiados após o golpe no Mali. Mas uma coisa é certa: a junta militar não deverá beneficiar de qualquer jeito desses projetos, que deverão assistir diretamente a população.

É o caso do Programa Mali Norte. Também a União Europeia pretende continuar a custear projectos que se dirigem à população. Washington congelou a ajuda militar e dinheiros versados diretamente ao governo maliano. Mas também os Estados Unidos dão seguimento a projectos de ajuda direta à população civil, confirmou a porta-voz da embaixada norte-americana no Mali à DW.

A grande parte do financiamento da organização alemã Welthungerhilfe - ou Ação Agrária Alemã - provem dos cofres do governo alemão e da União Europeia. O director do programa no Mali, Willi Kohlmus, diz que aguarda uma decisão definitiva de Berlim.

Mas também Kohlmus não está sobremaneira preocupado. "Estamos mais preocupados com a segurança e com o que se vai passar de uma forma geral", revela. Sobre os projetos em andamento, Kohlmus afirma que "os projectos no interior andam para a frente - não temos, neste momento, motivo para suspender os nossos trabalhos".

Atuação alemã no Mali

O especialista alemão em ajuda de desenvolvimento e em assuntos do Mali, Henner Papendieck, exige, neste contexto, uma política de desenvolvimento alemã mais diferenciada naquele país. Papendieck critica a política levada a cabo nos últimos anos e diz que o governo alemão apreciou mal o presidente deposto, Amadou Toumani Touré.

Especialista alemão Henner Papendieck (dir.) diz que o governo alemão sobrevalorizou o presidente deposto Amadou Toumani Touré
Especialista alemão Henner Papendieck (dir.) diz que o governo alemão sobrevalorizou o presidente deposto Amadou Toumani TouréFoto: Barbara Papendieck

"Houve uma estranha sobrevalorização deste personagem, que sempre se mostou completamente inofensivo, entusiasmando os políticos alemães. Algo que me causou enorme admiração!", afirma Papendieck. O especialista explica ainda que "Touré tinha uma forma muito habilidosa de ir ao encontro das expectativas dos políticos alemães e europeus".

Só nas próximas semanas, ficará claro como a política de desenvolvimento alemã passará a lidar com o Mali. Particularmente afetados serão, sem dúvida, os projetos de boa governação e democratização, uma área em que a Agência Alemã de Cooperação Internacional, GIZ, é muito activa.

Autoras: Christine Harjes (Bamako)/Cristina Krippahl
Edição: Cris Vieira/Renate Krieger