CNDH investiga enterro em vala comum de vítimas de acidente
13 de setembro de 2017Numa conferência de imprensa, esta quarta-feira (13.09.), em Maputo, Custódio Duma, presidente da CNDH, disse que uma entidade estatal, afirmou que a instituição vai avaliar a possibilidade de exumação, identificação e entrega dos corpos aos seus familiares, para um enterro condigno.
"A vala comum é uma possibilidade, mas só quando não houver outra. O normal é que, havendo óbito", o corpo "seja entregue aos seus familiares", declarou Custódio Duma.
A CNDH, prosseguiu, não tem a certeza de que as autoridades da província de Inhambane tenham esgotado todas as possibilidades de identificação das vítimas que morreram carbonizadas no acidente.
"Tendo em conta o avanço tecnológico, a CNDH ainda não tem certeza se as autoridades, de facto, esgotaram todos os mecanismos possíveis para identificar aqueles corpos", assinalou Custódio.
Algumas dúvidas
Por norma, continuou, a identificação leva um tempo relativamente longo e a celeridade com que os 10 corpos foram enterrados numa vala comum levanta questões.
Recorde-se que o acidente, ocorrido no dia 03 de setembro, matou 12 pessoas, tendo sido reconhecidas pelos familiares apenas duas, e provocou 48 feridos, quando o autocarro em que seguiam se despistou e ardeu depois do rebentamento de um dos pneus.
Governo moçambicano e RENAMO ultrapassaram a desconfiança Nessa mesma conferência de imprensa, o presidente da CNDH considerou que o Governo e a RENAMO ultrapassaram a desconfiança nas negociações para uma paz definitiva no país, assinalando que um eventual acordo será mais sólido que os anteriores.
"A Comissão Nacional dos Direitos Humanos acredita que o acordo que vem a seguir é um acordo que será definitivo, é uma paz que será de facto mais consolidada, mais amadurecida", disse Custódio Duma.
Desconfiança a ser superada
Opresidente da CNDH assinalou que as últimas declarações do Presidente da República, Filipe Nyusi, e do líder da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), Afonso Dhlakama, denotam que a desconfiança entre as duas partes está a ser superada."Temos desta vez notado que o discurso da desconfiança não tem aparecido, até o aperto de mão [entre Filipe Nyusi e Afonso Dhlakama] mostrou que o discurso e o sentimento de desconfiança cessaram", frisou Custódio Duma.
Na declaração que leu a propósito dos 25 anos do Acordo Geral de Paz, assinado a 04 de outubro de 1992, o presidente da CNDH realçou que uma estabilidade política em Moçambique impõe a manutenção de uma cultura de diálogo, inclusão, tolerância, solidariedade e desmilitarização das mentes. "A nossa paz precisa de todos nós para que seja plena e efetiva", declarou Custódio Duma.
Moçambique vive uma trégua entre as Forças de Defesa e Segurança moçambicanas e o braço armado da Renamo, depois de meses de instabilidade, na sequência da recusa do principal partido da oposição em reconhecer a derrota nas eleições gerais de 2014.
Lembramos que o Governo ea RENAMO têm reiterado que as duas partes chegarão a um acordo até final deste ano no âmbito das negociações em curso para uma paz definitiva no país.