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PolíticaEtiópia

Conflito na Etiópia: Dezenas de soldados feridos em Tigray

AFP | Reuters | tms
8 de novembro de 2020

Escalada dos combates entre as forças do Governo e da região separatista de Tigray está a fazer cada vez mais feridos. É o relato de profissionais da saúde. ONU alerta para o "agravamento do contexto humanitário".

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Soldados etíopes (Foto ilustrativa)Foto: Getty Images/AFP/J. Vaughan

Quase 100 soldados etíopes foram tratados após ferimentos à bala, num hospital na região de Amhara, no norte da Etiópia, disse uma autoridade da saúde no domingo (08.11), apontando para os intensos combates no conflito entre Adis Abeba e a região separatista de Tigray.

A informação surge após o primeiro-ministro Abiy Ahmed e os líderes militares terem anunciado os sucessos dos soldados etíopes contra as forças leais ao partido no poder em Tigray (a Frente de Libertação do Povo Tigray), onde Ahmed ordenou operações militares na semana passada.

Entretanto, o primeiro-ministro decidiu substituir o chefe do Exército este domingo depois da notícia sobre os soldados feridos.

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Feridos

Uma interrupção nas comunicações em Tigray torna as declarações oficiais sobre o conflito difíceis de verificar, mas nas estradas na parte norte da região de Amhara, pode-se frequentemente ver ambulâncias a transportar combatentes feridos para os hospitais.

Na cidade de Sanja, 98 soldados do Governo foram tratados de ferimentos de bala, disse um médico à agência de notícias AFP. "Tivemos 98 casos. Todos são soldados do Exército Nacional", confirmou.

O médico, que pediu anonimato, disse ainda que não houve mortes no hospital, mas notou que os casos mais graves foram encaminhados para hospitais maiores na cidade de Gondar e em outros lugares.

Escalada dos ataques

Relatos de soldados mortos e feridos aumentaram nos últimos dias na região de Amhara, onde um trabalhador de ajuda humanitária disse que três morreram e 35 ficaram feridos no sábado (07.11). Na sexta-feira, foram 105 feridos e cinco mortos na região.

Esses relatos coincidem com os temores crescentes de uma guerra civil depois que Ahmed, ganhador do Prémio Nobel da Paz no ano passado, enviou tropas federais e aeronaves para Tigray numa grande escalada de uma rivalidade de longa data.

Wahlen Tigray Region Äthiopien
Mekele, cidade na região separatista de Tigray (Foto ilustrativa)Foto: DW/Y.G/egziabher

No sábado, o Parlamento em Adis Abeba aprovou uma resolução que permite o Governo interferir na polícia regional de Tigray e formar um Governo de transição. Os dissidentes são acusados de "traição" após ataque à uma base militar do Governo Federal.

Situação humanitária

Um relatório da ONU datado de sábado exortou "todas as partes em conflito, em todos os níveis, a conceder acesso humanitário ininterrupto à população afetada" em Tigray, alertando que as perturbações relacionadas ao conflito estavam a "contribuit para o agravamento do contexto humanitário".

Segundo a ONU, a região abriga 100 mil deslocados etíopes, quase 100 mil refugiados e "aproximadamente 600 mil pessoas dependentes de ajuda alimentar".

Ao todo, quase nove milhões de pessoas perto das fronteiras de Tigray estão "em alto risco devido a este conflito", apontou o relatório da ONU, levantando a possibilidade de "deslocamentos massivos dentro e fora da Etiópia".