Conflito na Ucrânia deixou a cidade de Kharkiv em ruínas
24 de março de 2022Kharkiv transformou-se numa cidade-fantasma. Semanas de bombardeamentos pela Rússia transformaram zonas residenciais, hospitais e escolas em ruínas. E há mais mortos a cada dia que passa.
Os que ficaram na cidade, foram obrigados a refugiar-se nas estações de metro. É o caso de Katia, uma jovem mãe. "Estamos aqui desde 24 de fevereiro. Perto da nossa casa, a escola estava a arder. Tanques estavam a arder. Por isso, decidimos não voltar. Mas aqui está frio e as crianças ficam doentes. Apanham infeções nos olhos e tossem", relata.
A comida está a escassear em Kharkiv, as pessoas esperam durante horas por ajuda. Alguns dos que ficaram, esforçam-se por limpar destroços e ajudar na cidade, como Oleksandr.
"Honestamente, não me faz sentido abandonar a cidade. Não me junto às forças de defesa porque não tenho experiência militar. Mas posso ajudar a cidade com o meu trabalho", explica.
Kharkiv, que fica perto da fronteira com a Rússia, conseguiu resistir à opressão até agora. E espera aguentar tempo suficiente para sobreviver à guerra.
Mísseis atingem Delyatyn
Delyatyn, uma das cidades mais ocidentais, ganhou atenção recentemente. A Rússia afirma ter usado um míssil hipersónico pela primeira vez em combate com a Ucrânia, destruindo uma caserna militar. O Governo ucraniano não confirmou o uso da arma.
As pessoas na cidade de Delyatyn não falam muito acerca do ataque porque têm medo das consequências. "Não ouvi nada acerca disso, mas a situação é muito stressante. Estamos sempre à espera de que alguma coisa inesperada aconteça", diz uma cidadã.
Alguns dos que ficaram na cidade ainda frequentam a igreja diariamente, para terem um pouco de paz e calma. Ainda assim, o próprio padre, Peter Moisak, está preocupado.
"A situação pode piorar, consoante o humor do inimigo. Não sabemos o que quer, porque não há lógica nas suas ações. Quando são objetivos estratégicos é evidente. Mas quando escolas e hospitais são destruídos, não há esperança de que algo de bom aconteça", diz Moisak.
O silêncio da comunidade deve-se a um pedido do governador para que as pessoas não falem, de forma a não dar informações ao inimigo. "Não ouvi nem vi nada, mas se tivesse visto não diria nada. O governo disse-nos para ficarmos em silêncio", conta uma moradora.
O governo ucraniano em Kiev não deu detalhes acerca do que se passou em Delyatyn. Ainda assim, a atitude reservada das pessoas mostra o impacto psicológico desta guerra que está a entrar na quarta semana.