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ConflitosSudão

Conflito no Sudão pode desestabilizar ainda mais o Sahel

Martina Schwikowski | af
10 de maio de 2023

A ONU alerta para uma crise humanitária catastrófica no Sudão que pode alastrar-se ao Corno de África. Milhares de pessoas tentam sair do país. Analistas também temem que o conflito possa espalhar-se pelo Sahel.

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Foto: JOK SOLOMUN/REUTERS

Os tiros continuam a soar em várias cidades sudanesas, opondo o exército sudanês e as forças paramilitares do país. E milhares de pessoas tentam sair do país. De todos os lados chegam apelos para um cessar-fogo imediato e para a criação de corredores humanitários.

"O conflito no Sudão também aumenta os riscos de circulação de armas ligeiras através das fronteiras muito porosas para outros países, que poderiam depois chegar à região do Sahel - especialmente ao Mali, Níger e Burkina Faso", alerta Henrik Maihack, chefe do departamento de África da Fundação Friedrich Ebert.

"Já existem muitos grupos armados na região e a chegada de novas armas iria piorar a situação de segurança. Há uma ameaça de propagação, de modo que, através da crise no Sudão, podemos ter duas regiões em crise ao mesmo tempo, a região do Sahel, mas também o Corno de África", explica. 

Especialistas alertam para a proliferação de grupos armados nos países vizinhos do Sudão
Especialistas alertam para a proliferação de grupos armados nos países vizinhos do Sudão Foto: Inside the Resistance

Riscos de regionalização do conflito

Henrik Maihack lembra ainda que "o problema desta região é, muitas vezes, o facto de não existir um sistema de segurança coletiva, ou seja, comum, mas sim uma segurança nos países individuais, que estão sempre organizados uns contra os outros." 

O analista alerta que a proliferação de grupos armados nos países vizinhos do Sudão também pode "tornar difícil regular ou acabar com o atual conflito".

Ahmed Soliman, especialista da África Oriental do grupo de reflexão Chatham House, concorda que há riscos de regionalização do conflito, tendo em conta que o Sudão faz fronteira com sete países, nomeadamente Chade, Egito, Etiópia, Eritreia, Líbia, República Centro Africana (RCA) e Sudão do Sul.

"Todos estes países vizinhos vão tentar influenciar o resultado do conflito e têm interesse em saber quem vai liderar o Sudão no futuro", diz.

Combates continuam na capital sudanesa, Cartum, e noutras cidades
Combates continuam na capital sudanesa, Cartum, e noutras cidadesFoto: AFP

Apelos a cessar-fogo imediato

Várias organizações internacionais e governos continuam a apelar às partes em conflito no Sudão para o cessar-fogo urgente. Neste momento, estima-se que 13 milhões de  pessoas já terão abandonado o país para o Sudão do Sul, Egito, Chade e RCA.

Para muitos destes países, a chegada dos refugiados constitui um desafio, alerta a porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), Eujin Byun. 

"Mais de 70% dos refugiados que atravessam atualmente a fronteira são mulheres e crianças. Andam a pé durante 24 horas, não levam quase nada consigo e chegam à fronteira sem abrigo, sem roupa, sem comida e sem água", sublinha Byun, que apela a mais ajuda da comunidade internacional e maior empenho dos governos. 

Na segunda-feira (08.05), o Programa Alimentar Mundial (PAM) denunciou o saque dos seus escritórios nos arredores da capital sudanesa, Cartum, onde foram roubados equipamentos informáticos e outros bens.

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