Continuam manifestações de ex-combatentes em Moçambique
26 de outubro de 2011Pelo segundo dia consecutivo, centenas de pessoas continuaram concentradas ao longo do dia desta quarta-feira (26.10) nas imediações do gabinete do primeiro-ministro moçambicano, Aires Ali, na capital Maputo, exigindo a elevação da sua pensão de desmobilização para cerca de 337 euros (12.500 meticais).
Este grupo de manifestantes é composto por membros de cerca de 14 associações de desmobilizados das últimas guerras que o país conheceu – incluindo membros das milícias pró-governamentais (FRELIMO, hoje no poder) da guerra civil de 16 anos e guerrilheiros da rebelião da RENAMO, atualmente principal partido da oposição.
"Queremos dinheiro: 12.500 meticais por mês para cada desmobilizado, miliciano, viúva ou órfão. Somos nós que defendemos este país na sua totalidade – de 1974 até 1992 [quando foi encerrado o conflito civil de 16 anos]", explicou à DW Hermínio dos Santos, líder do movimento de desmobilizados.
"Queremos sair daqui com o cheque assinado", reivindicou Hermínio, destacando ainda que o Estatuto do Combatente – que acaba de ser aprovado pela Assembleia moçambicana – deve ser "esquecido".
Estatuto controverso
O Estatuto determina uma série de direitos para os antigos combatentes, mas continuam as divergências em relação à aceitação da lei.
O governo moçambicano já manifestou publicamente a intenção de continuar a dialogar com os manifestantes. Considera ter dado muitos passos no sentido de concretizar as 18 reivindicações, cujas soluções estão plasmadas numa lei.
Mas Marcelino Liphola, vice-ministro dos Combatentes, fez notar que o grupo de desmobilizados que manifesta levanta dados novos: "Além dos desmobilizados, que estão devidamente identificados, também devemos incluir nesse grupo as viúvas dos milicianos e os próprios milicianos nos termos da lei", explicou.
Para Liphola, a lei "foi discutida publicamente e foi aprovada. Portanto, temos esta informação – que, sim, estão a trazer novas reivindicações".
Nesta quarta-feira, houve um encontro inconclusivo dos manifestantes com autoridades moçambicanas, com perspectivas de continuar as discussões daqui a uma semana. Para já, os manifestantes abandonaram o Circuito de Manutenção Física Repinga, em frente ao gabinete do primeiro-ministro Aires Ali.
Autor: Ezequiel Mavota (Maputo)
Edição: Renate Krieger / António Rocha