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Convocatória de Mondlane: Todos os caminhos vão dar a Maputo

Conceição Matende
31 de outubro de 2024

Jovens moçambicanos exigem mudanças e responderam à convocatória do candidato presidencial Venâncio Mondlane. Já rumam a Maputo para participar no "dia da libertação completa", a 7 de novembro.

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Jovens manifestantes seguram a bandeira de Moçambique durante um protesto a 21 de outubro de 2024, na cidade de Maputo
Apoiantes de Venâncio Mondlane começaram a rumar a Maputo para o dia da "libertação completa"Foto: Alfredo Zungia/AFP

Jovens moçambicanos de diversas províncias estão de malas arrumadas. A partir desta quinta-feira, começaram a partir rumo à capital do país, Maputo, para a grande marcha em contestação aos resultados divulgados pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), agendada para 7 de novembro.

A convocatória foi na terça-feira. Os jovens não tiveram muito tempo para se preparar.

Mas a vontade de mudança é grande e muitas pessoas estão a responder à convocatória do candidato Venâncio Mondlane, afirma José Ali, delegado provincial em Nampula do partido Partido Otimista para o Desenvolvimento de Moçambique (PODEMOS): "Mexeu com todos. Estaremos em grande peso ao nível da província de Nampula." Este é o maior círculo eleitoral em Moçambique.

"A terra prometida"

José Ali disse à DW que o trabalho de mobilização tem sido grande: "Neste exato momento, estamos em ligação com três distritos que querem ir a Maputo, a terra prometida. Dizem que esta não é só a luta do PODEMOS, mas de todos nós.

"Evidentemente, são nove distritos que estão a se preparar. É aquilo de que temos registo até agora", acrescentou.

Marcha de apoiantes do partido PODEMOS, em Nampula, a 16 de outubro de 2024
Jovens moçambicanos, apoiantes do PODEMOS e de Mondlane, exigem mudanças e denunciam fraude eleitoralFoto: PODEMOS

O candidato Venâncio Mondlane pediu que, nos próximos sete dias, todos façam um "sacrifício" em nome da "libertação completa" de Moçambique. Mondlane rejeita ter perdido na eleição presidencial de 9 de outubro. A oposição acusa os órgãos eleitorais de fraude eleitoral ou cumplicidade na fraude.

7 de novembro, dia da "libertação completa"

O apelo de Mondlane está a ser levado muito a sério.

Em Quelimane, um grupo de membros do PODEMOS prometeu até caminhar a pé até Maputo. Delegados provinciais do partido garantem que, tanto no norte como no centro, há muita gente que se prepara para rumar ao sul do país, para participar na marcha convocada para 7 de novembro.

Na província de Tete, segundo o delegado do partido PODEMOS, Raimundo Bata, está a ser feito um mapeamento, em todos dos distritos, dos jovens que pretendem fazer parte do "grande dia" na capital do país. Também estão previstas manifestações em Tete nos próximos dias:

"Nós estamos a instruir os nossos irmãos para se manifestarem pacificamente nas ruas e nas sedes das comissões de eleições, porque foi onde foram fabricadas as mentiras, também nas sedes dos partidos da FRELIMO, porque saíram para fazer uma marcha da vitória."

PODEMOS: Jovens de Quelimane marcham a pé para Maputo

Vozes críticas contra Mondlane

A Associação Moçambicana de Economistas (AMECOM) manifestou-se ontem preocupada com os protestos e a paralisação total das atividades no país, convocada por Mondlane, alertando para potenciais riscos económicos e financeiros e para a segurança dos cidadãos moçambicanos.

O analista político Dércio Alfazema considera que os protestos não vão ajudar as pessoas. Pelo contrário, poderão trazer mais sofrimento ao povo moçambicano.

"Estamos numa situação de desobediência civil em que [Venâncio Mondlane] põe em causa a própria segurança do Estado, e isso não pode ser permitido. As disputas políticas não podem chegar a esse extremo", afirma Alfazema. "Esse tipo de posicionamento de incitação à desobediência e violência é uma situação muito atípica, ainda mais protagonizada por uma pessoa que nem é militar."  

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