Coordenador do ProSavana rejeita acusação
3 de junho de 2014A sociedade civil denunciou na segunda-feira (02.06), através do lançamento de uma campanha nacional, que o projeto ProSanava estaria a servir para tirar as terras aos camponenses.
Várias pessoas queixaram-se da existência de intimidações, manipulações e secretismo à volta do projeto agrícola que se tornou público em 2011.
O ProSavana funciona em parceria entre o Governo de Moçambique, a Agência Brasileira de Cooperação (ABC) e a Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA).
À DW África, o coordenador do ProSavana, Calisto Bias, reconhece uma maior necessidade de diálogo com a sociedade civil.
DW África: Concorda com as denúncias feitas pela sociedade civil?
Calisto Bias (CB): O nosso grande objetivo no âmbito do ProSavana é o desenvolvimento dos pequenos e médios produtores ao longo do Corredor de Nacala. Em segundo lugar, ao desenharmos os nossos planos, tentamos sempre fazer consultas junto das comunidades e sociedade civil. Estamos agora numa ronda em que discutimos as notas conceptuais do plano e temos convidado a sociedade civil para dar um passo em frente e definir o conteúdo do plano. Porém, algumas organizações da sociedade civil parece que não estão dispostas a continuar a discutir connosco, o que nós lamentamos. Mas nunca iremos desistir de continuar a integrá-los no diálogo. Pretendemos que o desenvolvimento seja inclusivo.
DW África: Das acusações feitas na segunda-feira (02.06) pela sociedade civil moçambicana, com qual delas o ProSavana concorda?
CB: Falam da ursurpação de 14,5 milhões de hectares de terra. É um engano redondo, porque até ao momento não estamos a promover nenhum investimento privado no Corredor de Nacala no âmbito do projeto.
Em segundo lugar, nós achamos que quando eles falam dessa área estão a falar da área abrangida pelo programa, mas nós não temos nenhuma área sob nossa jurisdição. Não temos nenhum fundo de terra para investimentos. Qualquer investimento que ocorra naquele setor, faz-se através dos canais normais do Governo. Quando nós queremos discutir com os produtores sobre os terrenos, alguns elementos da sociedade civil acham que é manipulação. A nossa intenção é recolher subsídios para melhorar o plano.
DW África: O ProSavana está a cumprir com os prazos e a manter o diálogo com as populações?
CB: O projeto tem três componentes. Temos a componente de investigação, e os prazos estão a decorrer normalmente, temos a componente de extensão, cuja ideia é estudar os modelos adequados, o que vai demorar três anos, e depois temos o plano-diretor.
O plano-diretor, de facto, está atrasado porque algumas organizações da sociedade civil não estão a facilitar o diálogo. Se eles estiverem disponíveis para discutir, penso que o avanço do projeto será muito rápido.