Copa dos Refugiados no Brasil
A Copa dos Refugiados juntou uma centena de atletas refugiados e migrantes no sul do Brasil. O objetivo: promover a integração.
Angolanos apoiam refugiados no Brasil
Tudo pronto para o pontapé de partida da Copa dos Refugiados em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. O campeonato reuniu cerca de 100 atletas refugiados e migrantes no Brasil, promovendo a sua integração no país. Entre os participantes estiveram jovens angolanos, que vivem há pouco mais de três anos no sul do Brasil.
Uma arena só para a Copa
A Arena do Grêmio, na cidade de Porto Alegre, foi o palco da primeira edição da Copa dos Refugiados e Migrantes, em março deste ano. O campeonato juntou jogadores amadores do Senegal, República Democrática do Congo e Angola, além do Haiti, Venezuela, Colômbia, Peru e Síria que vivem em várias cidades do Rio Grande do Sul.
Concentradíssimos
Antes do jogo, a equipa de Angola presta atenção às orientações do técnico Januário Francisco Gonçalves, de 45 anos. Angola enfrenta o Coletivo, considerado um adversário forte, composto por jogadores do Senegal. Januário também é o presidente da Associação dos Angolanos em Porto Alegre.
Jogo renhido
A partida entre os jogadores de Angola e o Coletivo foi renhida. A equipa de senegaleses da cidade de Caxias do Sul fez marcação cerrada aos angolanos e acabou por vencer: 1-0 para o Coletivo. Mas o que importa é participar na Copa: "Apesar de a nossa equipa não ser de refugiados, é necessário dar-lhes apoio", diz o angolano Hélder Oliveira, de 21 anos.
A torcer por Angola
O jogo entre Angola e o Coletivo só durou 15 minutos, mas foi bastante animado. Várias pessoas vieram ao estádio torcer pelos estudantes angolanos, na sua maioria bolseiros da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) e Pontifícia Universidade Católica do Rio do Grande do Sul (PUCRS).
Pelos refugiados
Mário Bravo, 21 anos, nasceu em Luanda e estuda atualmente Engenharia de Energia no sul do Brasil. "Viemos prestar a nossa solidariedade a todos os refugiados que vivem aqui", afirmou o estudante. Para Mário, o povo brasileiro identifica-se muito com os africanos: "Adoro o Brasil, a alegria das pessoas. Somos muito parecidos, somos irmãos".
Contra o preconceito
Hélder participou pela primeira vez num torneio deste género, para apoiar refugiados e lutar contra o preconceito. Ele vive há três anos no Brasil e já foi vítima de racismo. O angolano comenta que, infelizmente, há racismo até "por um negro ser mais negro do que o outro, por um branco ser mais branco do que o outro". Mas Hélder tenta ignorar: "Escolho as pessoas certas nas relações de amizade."
Um evento para todos
A Copa dos Refugiados foi organizada pela ONG "África do Coração", dirigida pelo refugiado congolês Jean Katumba, que vive em São Paulo. "O objetivo do evento é integrar todas as pessoas, independentemente da sua religião, credo, raça; mostrar que todos os refugiados e migrantes são bem-vindos aqui em Porto Alegre", diz Jean, que teve de sair do seu país após denunciar fraudes nas eleições.
"Fair-Play"
Também para estes adeptos haitianos, o que importa nesta Copa é participar. A sua equipa perdeu frente à Colômbia, mas mesmo assim não desanimaram. O Centro Ítalo-Brasileiro de Assistência e Instrução às Migrações estima que cerca de dois mil haitianos vivem em Porto Alegre.
Vitória!
A Colômbia seguiu para a final, mas foi derrotada pelo Coletivo, da cidade de Caxias do Sul. A equipa formada por imigrantes senegaleses foi a grande vencedora da Copa dos Refugiados e celebrou a vitória.
Para mais tarde recordar
Altura para a foto de grupo, no final da Copa. Na imagem, para a posteridade, a equipa de Angola. A competição foi realizada pela Associação Antônio Vieira (ASAV) com o apoio da Agência da ONU para Refugiados e de entidades e organizações da sociedade civil.
O troféu
A equipa Coletivo levou, este ano, a taça da Copa para casa. O torneio já teve três edições realizadas na cidade de São Paulo, no sudeste brasileiro, mas foi a primeira vez que Porto Alegre recebeu os jogadores. Quem serão os próximos vencedores?