Coronavírus em Cabo Verde: “Isto é uma guerra”
20 de março de 2020Após uma reunião do gabinete de crise, o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva anunciou que a ilha da Boavista vai ficar em quarentena nas próximas duas semanas, para evitar situações de contágio. Durante esse espaço de tempo, ninguém poderá entrar ou sair da ilha.
O primeiro-ministro especificou os parâmetros: "Interdição de voos domésticos de e para a Boavista. Interdição de transporte de passageiros através de navios comerciais e de pesca. Exceção para situações sanitárias, evacuações de doentes e situações de emergência e de repatriamento".
Vão ainda ser encerrados "todos os serviços públicos e privados, empresas públicas e privadas, com exceção de farmácias e serviços públicos e privados de saúde, forças de segurança e serviços de proteção civil, serviços portuários e aeroportuários", disse o governante.
Primeira vítima é turista inglês
Os estabelecimentos comerciais de venda e abastecimento de bens alimentares, de higiene e limpeza, os serviços de entrega domiciliária de refeições, os postos de combustíveis e os bancos continuam, para já, de portas abertas.
Cabo Verde confirmou na quinta-feira (19.03) à noite o primeiro caso do Covid-19 no país, doença causada pelo novo coronavírus que assola o mundo.
Segundo o ministro da Saúde, Arlindo do Rosário, trata-se de um turista de nacionalidade inglesa de 62 anos, que chegou à ilha no dia 9 de março e ao fim de sete dias iniciou um quadro respiratório com tosse e febre. "O quadro clínico é estável e encontra-se sob os cuidados da equipa da delegacia de saúde", disse o responsável.
"Nada de festas"
O turista inglês detetado com o coronavírus obrigou que os 850 hóspedes do hotel fossem colocados imediatamente de quarentena. Até agora as autoridades não constaram nenhum caso suspeito entre as pessoas que se encontram no hotel, e afirmam ter adotado todas as medidas de prevenção necessária de modo a reduzir o risco de transmissão e de propagação do vírus.
O primeiro-ministro pediu a população que adote medidas de distanciamento social.
"Nada de cumprimentar com beijos, apertos de mãos e abraços. Nada de festas, idas ao mar ou outras situações de ajuntamento de pessoas. Este não é o momento para isso.
Fiquem em casa", disse Correia e Silva, que explicou que o combate da pandemia é uma guerra: "Na guerra as pessoas cumprem as ordens. Esta guerra ganha-se com o comportamento e a mudança de hábitos de cada pessoa e cada família", disse o governante.