Costa do Marfim: Um renascimento lento
Devido à harmonia étnica e religiosa que então reinava depois da independência de França, a Costa do Marfim foi, para muitos, o "milagre africano". Mas, hoje, este país dinâmico ainda enfrenta muitos desafios.
Estranhos no próprio país
Na Costa do Marfim residem 62 grupos étnicos, incluindo os peuls. Destes, muitos não tem a cidadania marfinense, pois o Governo exige que pelo menos o pai ou a mãe tenha nascido no país. Sem a cidadania não é possível abrir uma conta bancária ou obter a carta de condução. Isto faz com que muitos peuls se sintam estrangeiros no seu próprio país.
Tecidos tradicionais contam histórias
"Diz-me que tecido usas e eu digo-te quem és" é um ditado comum entre os marfinenses. O tecido de cera com estampa tradicional costuma ser usado por mulheres. Cada desenho dá um recado diferente ao marido. A estampa de flor de hibisco, por exemplo, simboliza a felicidade no casamento.
Padrões de beleza prejudiciais persistem
Embora proibidos, os produtos de clareamento da pele ainda são muito populares. O clareamento da pele escura pode causar danos irreparáveis e até resultar em hipertensão e diabetes. Ainda assim, muitas farmácias ganham dinheiro vendendo esses produtos, e também muitos médicos continuam a prescrevê-los por motivos comerciais. Uma em cada duas mulheres na capital, Abidjan, usa estes cosméticos.
Arte milenar
Em Aniansué, a 200 quilómetros da capital, as raparigas dançam com o corpo revestido de caulino. Elas aprendem a ser "komians" - curandeiras e adivinhas tradicionais. As "komians" são conhecidas pela sua capacidade de curar a má sorte e prever o futuro. São consultadas com frequência pelas autoridades mais poderosas do país. Uma única escola ensina esta arte da cultura Akan.
Falsos medicamentos trazem falsas esperanças
Quase metade da população vive abaixo da linha da pobreza, o que facilita a exploração de quem precisa de serviços de saúde. Nos últimos três anos foram apreendidas cerca de 600 toneladas de medicamentos falsificados - um terço de todos os medicamentos vendidos no país. Sinais como estes são comuns no exterior das lojas que vendem medicamentos 'made in China'.
O sonho de uma vida no estrangeiro
O mundo foi alertado para a situação dos refugiados marfinenses em 2020, quando o corpo de um adolescente foi encontrado no trem de aterragem dum avião. Sem perspetivas de emprego, muitos jovens sonham em começar uma nova vida no estrangeiro, para o que percorrem perigosas rotas de migração. O Presidente Alassane Ouattara prometeu criar 200.000 novos empregos por ano, mas os jovens estão céticos.
À espera do 'ouro feminino'
Este homem espera pacientemente para comprar manteiga de karité no distrito de Savanes. O produto é conhecido como "ouro feminino" em toda a África, pois são principalmente as mulheres que ganham dinheiro com a sua venda através de pequenas cooperativas. Usada na maquilhagem e na alimentação, a manteiga de karité é popular em todo o mundo.
Cozinha milenar
Esta mulher, que faz parte da Cooperativa Mulheres Batalhadoras, embrulha o attiéké, um tipo tradicional de cuscuz feito de tubérculos de mandioca. A produção do attiéké também é da responsabilidade das mulheres: elas cultivam a mandioca, processam o alimento e vendem-no na beira da estrada. O dinheiro adquirido é frequentemente utilizado para enviar os filhos à escola.
Poucas mulheres na mineração
A próspera indústria de mineração continua a ser dominada pelos homens. Isso não impediu algumas mulheres de quererem trabalhar no setor. Mas muitas vezes elas são vítimas de exploração laboral. O trabalho é notoriamente exaustivo sob o sol escaldante.
Dificuldades no setor de cacau
O setor do cacau da Costa do Marfim está à beira de uma nova crise. Os pequenos comerciantes têm cada vez mais dificuldades em competir com as grandes cooperativas locais, que detêm a maioria dos contratos com os grandes fabricantes de chocolate, como a Mars ou a Nestlé. Das 3.000 cooperativas de cacau do país, pouco mais de 200 são certificadas.
Sítio de adoração
A Basílica de Nossa Senhora da Paz, em Yamoussoukro, foi consagrada pelo Papa João Paulo II em 1990. A sua construção terá custado cerca de 270 milhões de euros. É ainda maior do que a Basílica de São Pedro, em Roma. A basílica pode acomodar até 200.000 pessoas: 7.000 no seu interior e o restante na esplanada. Mas hoje em dia apenas algumas centenas de pessoas se reúnem para a missa aos domingos.