Covid-19: África tem quase 3,3 mil infeções
27 de março de 2020O Centro para Prevenção e Controlo de Doenças (CDC) da União Africana (UA) contabilizou nesta sexta-feira (27.03) mais de 3,240 infeções pelo coronavírus no continente - que têm 46 países atingidos pela pandemia. Mais de 80 pessoas morreram por Covid-19 em 17 países africanos.
A África Austral tem 1.045 casos. Nesta sexta-feira, foram registadas as duas primeiras mortes de Covid-19 na África do Sul – país que ultrapassou mil infeções. O norte de África é a região com registo de mais casos e mortes associadas à doença no continente - contabilizando 1.249 infeções, 60 mortes e 216 doentes recuperados. Egito e Argélia são os países com o maior número de mortes no continente. Autoridades sanitárias do Cairo confirmaram até o momento 495 infeções e 24 mortes, enquanto os serviços de saúde argelinos registaram 302 casos e 21 mortes.
Na África Ocidental, os países com o maior número de infeções são Marrocos (275) Tunísia (173), Burkina Faso (152) Senegal (105) e Nigéria (65). Na zona oriental africana somam-se 247 casos e quatro mortes. A região com menos casos é a África Central, que contabiliza 170 casos e sete mortes por covid-19.
As autoridades sanitárias da República Democrática do Congo identificaram a primeira infeção por coronavírus no Kivu-Norte - área atingida por um surto de ébola durante mais de um ano e meio. O Governo congolês declarou estado de emergência nesta semana e fechou as fronteiras. O país tem 54 infecções e quatro mortes por Covid-19.
O CDC indica que 24 países e territórios membros da UA decretaram o encerramento total das fronteiras, 10 suspenderam os voos internacionais e 14 impuseram restrições a viagens ou à entrada de estrangeiros de determinados países. A maioria dos países da UA decretou quarentena obrigatória para viajantes oriundos de países de risco. A população infetada em África é maioritariamente masculina e tem, em média, 45 anos.
Coronavírus nos PALOP
O Serviço Nacional Penitenciário de Moçambique suspendeu visitas a reclusos para evitar a propagação do novo coronavírus nas cadeias. Autoridades anunciaram que os estabelecimentos penitenciários vão fazer uso da experiência obtida no combate a outras doenças endémicas para evitar a propagação da pandemia da covid-19.
O Ministério da Saúde de Moçambique divulgou que sete pessoas foram infetadas e determinou quarentena e acompanhamento de autoridades sanitárias a 88 pessoas que tiveram contato com os infetados.
O Governo aprovou a revisão do Orçamento Geral do Estado e um pacote de medidas fiscais de contigência devido à queda do barril de petróleo e a pandemia. O Presidente João Lourenço também reduziu nesta sexta-feira o Executivo de 28 para 21 ministérios.
Angola tem quatro casos confirmados de infeção pelo coronavírus. Em Luanda, o primeiro dia do estado de emergência foi assinalado com alguma movimentação de pessoas nas ruas, apesar das medidas restritivas. As autoridades angolanas determinaram que os transportes coletivos transportem no máximo um terço da capacidade do veículo.
O chamado P5 – constituído por ONU, OMS, UA, União Europeia, Comunidade Económica dos Países da África Ocidental e a Comunidae dos Países de Língua Portuguesa – quer operacionalizar um plano de ação e mobilizar recursos de diferentes parceiros internacionais para apoiar a Guiné-Bissau no combate a Covid-19.
Por sua vez, o Governo em exercício na Guiné-Bissau – anunciado após a posse simbólica de Umaro Sissoco Embaló, declarado vencedor das eleições presidenciais de 2019 pela Comissão Nacional de Eleições - anunciou a injeção de 340 mil euros para o Hospital Nacional Simão Mendes a fim de fazer face à pandemia da covid-19. A Guiné-Bissau registou dois infetados pelo coronavírus. Foram encerradas fronteiras, escolas, restaurantes, estabelecimentos comerciais e locais de culto religioso. A venda de bens de primeira necessidade ocorre somente pela manhã.
O Governo cabo-verdiano anunciou que vai atribuir o rendimento social de inclusão a 8 mil famílias e pagar um subsídio de 10 mil escudos (89 euros) aos trabalhadores informais para mitigar os efeitos económicos da pandemia.
O pacote apresentado nesta sexta-feira também inclui assistência alimentar imediata a famílias com rendimento mensal menor que o salário mínimo, rendimento solidário para trabalhadores autónomos e alimentação nas escolas que se encontram fechadas. O arquipélago cancelou voos do exterior e ligações marítimas e aéreas interilhas para travar a pandemia. Cabo Verde regista cinco casos de Covid-19 e uma morte.
Já o Governo são-tomense aguarda o resultado dos exames de passageiros em quarentena em dois hotéis no país. As amostras foram enviadas para Lisboa. São Tomé e Príncipe não tem infeção registada.
Coronavírus pelo mundo
Segundo dados compilados pela agência de notícias France Press a partir de informações oficiais, a pandemia já causou a morte de quase 25 mil pessoas em 183 países e ao menos 112,2 mil foram consideradas curadas.
Nesta sexta-feira, o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, testou positivo para o novo coronavírus. A informação foi divulgada por Johnson em sua conta no Twitter. "Nas últimas 24 horas, desenvolvi sintomas leves e testei positivo para o coronavírus", disse.
Além do líder conservador, o minstro da Saúde Matt Hancock e o príncipe Carlos também foram diagnosticados. Na quinta-feira (26.03), o Reino Unido registava mais de 11,6 mil infetados e 578 mortos. O confinamento obrigatório no Reino Unido foi imposto somente no início da semana.
O presidente da China, Xi Jinping, pediu durante conversa telefônica com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, "uma resposta coletiva da comunidade internacional" para enfrentar a pandemia. "Só uma resposta coletiva da comunidade internacional pode vencer esta batalha", disse Xi à agência de notícias estatal "Xinhua".
Segundo Xi Jinping, seu país "não perdeu tempo e compartilhou imediatamente a sequência genética do vírus com os Estados Unidos e a OMS". Através do Twitter, Donald Trump comentou a conversa com o presidente chinês e escreveu que o país asiático "desenvolveu uma sólida compreensão do vírus".
Na Europa, a imprensa italiana reagiu com raiva e desânimo ao adiamento pela União Europeia da adoção de medidas mais fortes para responder às consequências económicas da Covid-19.
Uma Europa "feia" e "morta" foram apenas alguns dos adjetivos que jornais e autoridades referiram em reação à decisão dos chefes de Estado e de Governo da União Europeia, que na quinta-feira (26.03) "convidaram" o Eurogrupo a apresentar, dentro de duas semanas, propostas para mitigar as consequências económicas da pandemia.
O presidente do Parlamento Europeu, David Sassoli, defendeu ser necessário contrariar as "vistas curtas e egoísmo" de alguns governos, para encontrar respostas ao nível europeu à crise provocada pela pandemia.
Em meio às reações à terceira cimeira inconclusiva em três semanas, a Comissão Europeia apresentou uma proposta de orçamento retificativo para alocar 75 milhões de euros a ações de repatriamento dos cidadãos da UE no estrangeiro e para aumentar a reserva de equipamentos médicos.
O responsável da OMS para o Mediterrâneo Oriental, Ahmed Al-Mandhari, alertou para as repercussões de uma possível disseminação do novo coronavírus nos países devastados pela guerra na região. "O aparecimento do vírus em países muito mais vulneráveis com sistemas de saúde frágeis, incluindo a Síria e a Líbia, constitui uma preocupação especial", indicou o diretor regional da OMS num comunicado.
De acordo com os dados divulgados no texto, 21 dos 22 países da região do Mediterrâneo Oriental registam casos do novo coronavírus, incluindo a Síria com cinco infeções e a Líbia com uma confirmada oficialmente.
O novo coronavírus já infetou cerca de 540 mil pessoas. No momento, a Itália é o país mais afetado em número de mortes, com mais de 7,5 mil em 74.386 casos. Pouco mais de 9,3 mil pessoas foram consideradas curadas pelas autoridades italianas.