Covid-19: Como acabar com o estigma e desinformação?
16 de junho de 2020Discriminação e violência contra pessoas que testam positivo ao novo coronavírus em Moçambique estão a preocupar organizações não governamentais no país.
Na cidade da Beira, província central de Sofala, os primeiros cidadãos que testaram positivo para a Covid-19 tiveram que fugir para outras províncias por recear violência.
Na cidade de Maputo, a capital do país, cidadãos recorrem à polícia para controlar pessoas que chegam de locais com muita incidência do novo coronavírus, sobretudo Cabo Delgado.
Segundo o diretor geral da Coligação da Juventude Moçambicana, Faruk Simango, é preciso explicar às pessoas que ninguém está com intenção de espalhar a doença.
"Nós temos jovens e muitas pessoas vindas da África do Sul que estão a ser discriminadas e acusadas de terem trazido a pandemia. Mas quando as pessoas vieram para o país já havia casos do novo coronavírus. Então, é preciso haver consciência da nossa população de que é uma situação que está afetar o mundo", diz Simango.
Acabar com o estigma e desinformação
O Fórum Mulher, outra organização moçambicana, aposta mais sobre como direcionar a informação para as comunidades, como referiu Graça Júlio, Coordenadora do Programa de Violência Baseada no Género.
"Temos tido desinformação, não por parte da codificação, mas nós que divulgamos e fazemos as sensibilizações temos que ter uma certa cautela e ver que tipo de mensagens que passamos, porque a forma como passamos pode fazer com que as pessoas interpretem mal", conta.
Enquanto isso, a ACAMO, Associação dos Cegos e Amblíopes de Moçambique, quer desconstruir a ideia de que o novo coronavírus se assemelha ao HIV/SIDA, cujos seropositivos são sistematicamente discriminados e estigmatizados.
Segundo explica o presidente da agremiação, Helder Buque, só o facto de se afirmar que o suspeito acusou positivo ao coronavírus, as pessoas pensam que as repercussões são as mesmas que as do HIV.
Helder Buque diz que "isto traz nas cabeças das pessoas a grande discriminação. Então, nós estamos aqui para dizer não à discriminação. Esta doença, como outra qualquer, o que precisamos fazer é combatê-la através de medidas que nos são recomendadas."
A maioria dos casos da Covid-19 em Moçambique concentra-se nas províncias nortenhas de Cabo Delgado e Nampula e no sul na cidade e província de Maputo.