Covid-19: Tudo o que precisa de saber sobre máscaras
30 de abril de 2020O rápido avanço da pandemia do novo coronavírus levou a que alguns governos de todo o mundo decretassem o uso obrigatório de máscara em supermercados ou transportes públicos, como foi o caso de Moçambique.
Na Ásia, já é habitual usar máscara na rua por causa da poluição do ar, mas também como forma de prevenção de outras pandemias que atingiram o continente. No caso do coronavírus, o uso da máscara é visto como uma das principais armas de luta e até como dever cívico.
No continente europeu ou africano, este "cenário de guerra" não era assim tão banal e muitas dúvidas surgiram sobre esta estratégia de combate à Covid-19. De que forma podemos usar eficientemente esta arma?
A DW África consultou o último relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS) sobre o assunto e fez um resumo de tudo o que é importante saber sobre o uso de máscara em tempos de Covid-19.
Máscara, uma arma de prevenção
Para começar, a OMS alerta que o uso de máscaras por pessoas saudáveis tem carácter preventivo, visto que não há provas científicas de que o uso de máscaras por pessoas saudáveis possa impedir a infeção por vírus respiratórios, incluindo a Covid-19.
No entanto, a relevância desta proteção preventiva assenta no período "pré-sintomático" da Covid-19. Em média, um doente com o novo coronavírus não apresenta sintomas entre 5 a 6 dias após ser infetado, mas pode continuar assim até 14 dias, e infetar outros sem saber. Relembre-se que as principais vias de transmissão do vírus são gotículas respiratórias - geradas quando alguém espirra ou tosse - e o contacto, por exemplo, com superfícies onde estejam essas mesmas gotículas.
De notar ainda que o uso de máscaras na comunidade pode criar uma falsa sensação de segurança, que pode fazer com que se negligenciem outras medidas essenciais de prevenção. Estar de máscara pode levar a que se toque na cara ou nos olhos, ou até na parte de fora da própria máscara, por esquecimento. Apesar da boca e do nariz estarem cobertos, é importante manter as práticas de higiene das mãos e o distanciamento físico.
Máscaras médicas: cirúrgicas ou FFP
Podemos distinguir as máscaras médicas em dois tipos: cirúrgicas ou FFP.
As máscaras respiratórias autofiltrantes, ou FFP, encaixam-se perfeitamente em torno da boca e do queixo e filtram as mais pequenas partículas transportadas pelo ar. Podem ter ou não válvulas, sendo que o tipo mais eficaz de respiradores (FFP3) não permite a entrada ou saída de vírus.
As máscaras cirúrgicas consistem em várias camadas de papel ou tecido com um fio fino para ajustar ao nariz. Ao usar este tipo de máscaras, quando tosse ou espirra a máscara bloqueia as gotículas grandes. Mas, por inalação, o ar também flui pelos lados. Isto significa que as máscaras cirúrgicas protegem principalmente as outras pessoas contras infeções e não os próprios utilizadores.
Quem deve usar máscaras médicas?
Como o nome indica, as máscaras médicas devem ser reservadas aos profissionais de saúde, especialmente numa altura em que estes artigos são escassos.
As máscaras médicas, segundo a OMS, devem também ser usadas por pessoas com sintomas, ainda que leves, de Covid-19 - febre, fadiga, tosse, dor de garganta e dificuldade em respirar. Caso tenha sintomas deve ainda procurar assistência médica e isolar-se.
Máscaras não médicas
Com o surto do novo coronavírus a nível mundial, as máscaras fabricadas profissionalmente são agora escassas - é bom relembrar isto – e isso fez com que aumentasse significativamente a produção de máscaras "caseiras", feitas de algodão ou tecido.
Estas máscaras "artesanais" têm sido uma opção em países africanos, sem grandes recursos, mas não só. Países como a Alemanha também já banalizaram o uso destas máscaras, visto ser obrigatório tapar o nariz e a boca em certos espaços públicos (não necessariamente com máscara, também podem ser usados cachecóis, por exemplo).
Para além de poderem ser lavadas e reutilizadas, as máscaras de pano funcionam como as máscaras cirúrgicas, ajudando a bloquear as gotículas da boca e do nariz do utilizador.
O uso destas máscaras não médicas em cenários comunitários ainda não foi bem avaliado. Por esse motivo, a OMS não se posiciona a favor ou contra o seu uso neste contexto.
O que ter em conta quando adquire uma máscara não médica
Relativamente a máscaras não médicas ou artesanais, no relatório de 6 de abril de 2020, a OMS recomenda que se tenham em consideração os seguintes aspetos:
- O número de camadas de tecido e o próprio tecido em si.
- A respirabilidade do material usado.
- As qualidades hidrofóbicas da máscara (repelência à água).
- A forma da máscara.
- O ajuste da máscara à cara.
Como colocar, tirar e descartar máscaras
O uso incorreto de qualquer tipo de máscaras pode aumentar o risco de infeção em vez de diminuir. É importante seguir as seguintes recomendações:
- Ao colocar a máscara, garanta que a boca e o nariz estão cobertos. Amarre-a com segurança para minimizar os espaços entre o rosto e a máscara.
- Evite tocar na máscara enquanto a estiver a usar.
- Retire a máscara por trás e não toque na frente da máscara.
- Depois de tirar a máscara, ou se a usar inadvertidamente, lave bem as mãos com uma solução à base de álcool ou com sabão. A máscara de uso único deve ser colocada de imediato em caixotes de lixo indiferenciado, nunca em ecopontos ou na via pública.
- Caso a máscara fique húmida, substitua-a de imediato por uma limpa e seca.
- Não reutilize máscaras de uso único.
Medidas de prevenção para todos
De notar que, independentemente de usar máscara ou de ter ou não sintomas, a OMS aconselha todas as pessoas a:
- Evitar aglomerações e espaços fechados e lotados.
- Manter a distância física de pelo menos 1 metro de outras pessoas, em particular das que espirram ou tossem.
- Higienizar as mãos com frequência, com uma solução à base de álcool, ou com sabão se as mãos estiverem visivelmente sujas.
- Ao tossir ou espirrar, cobrir a boca com o cotovelo ou um lenço de papel. Deitar o papel imediatamente para o lixo e lavar bem as mãos.
- Não tocar na boca, nariz e olhos.