Covid-19: Um morto após operação da polícia no Bengo
2 de janeiro de 2022Os disparos da polícia nacional de Angola no município do Bula Atumba, no Bengo, aconteceram quando um grupo de jovens tentava realizar uma festa de convívio para assinalar a passagem de ano. O que deveria ser uma noite festiva, transformou-se em tristeza.
A polícia tentava impedir o evento para fazer cumprir as medidas restritivas de prevenção à Covid-19, que proíbe a realização de festas.
O porta-voz da delegação do interior no Bengo, Gaspar Luís, assumiu a autoria do disparo que acabou em morte.
Disparos
"Com objetivo de dispersar a multidão que envolvia a viatura da polícia, as nossas forças efetuaram alguns disparos que, infelizmente, atingiram um dos populares", disse a fonte à DW África.
Segundo Luís, "as nossas forças orientaram os organizadores para encerrar as portas [da discoteca], mas a orientação não foi acatada", explicou.
Na sequência, "decidimos apreender o aparelho de som, o que motivou a fúria da população, que decidiu partir para agressão às nossas forças", acrescentou. Segundo o polícia, as pessoas estavam, na sua maioria, em estado de embriaguez.
Vítima
A vítima do disparo da polícia, Mario Miguel, completaria 24 anos em poucos dias. Um dos parentes, Domingos Pascoal, lamenta o sucedido e pede justiça.
"Hoje mantive um encontro com o comandante para ver a situação, ele pediu as cópias do bilhete dos envolvidos e disse que vai ver junto da administração o que se pode fazer", explicou Pascoal à DW África.
Um sacerdote católico residente do munícipio Bula Atumba, na província do Bengo, falou sob anonimato e disse que agora a situação já está controlada.
Na sexta-feira (31.12), o último dia do ano, o ministro do Interior angolano informou que a polícia nacional "não toleraria incumprimentos" das medidas de proteção contra a Covid-19 e "usaria todos os meios ao seu alcance" para travar a propagação e "responsabilizar" os incumpridores.
Decreto
No mesmo dia, o coordenador da Comissão Multissetorial de Prevenção e Combate à Covid-19, Francisco Pereira Furtado, apresentou um decreto presidencial a atualizar as medidas de situação de calamidade pública.
As medidas restritivas, plasmadas no decreto, que atualizava o decreto anterior, vigora entre 03 e 15 de janeiro de 2022, e visam conter a propagação da doença, quando Angola regista diariamente um elevado número de novos casos.
O país africano que já regista a circulação da variante Ómicron está a alcançar uma taxa diária de positividade entre 25% e 30%, segundo as autoridades.
Angola, que há mais de um ano vive situação de calamidade pública, totaliza mais de 81 mil casos positivos, cerca de 64.500 recuperados, 15.290 casos ativos e 1.770 óbitos.