Covid-19: Vacina da AstraZeneca é "segura e eficaz"

"O Comité de Avaliação dos Riscos em Farmacovigilância chegou a uma clara conclusão na investigação dos casos de coágulos sanguíneos: esta é uma vacina segura e eficaz", declarou a diretora executiva EMA, Emer Cooke, falando em videoconferência de imprensa na tarde desta quinta-feira (18.03), em Amesterdão.

Depois de uma investigação nos últimos dias dos especialistas do regulador europeu, Emer Cooke garantiu que a administração da vacina da AstraZeneca "não está associada a um aumento do risco de eventos tromboembólicos responsáveis pelos coágulos sanguíneos" nalguns dos vacinados com este fármaco.

A posição surge depois de nos últimos dias vários países europeus, incluindo Alemanha e Portugal, terem decidido por precaução suspender a administração da vacina da AstraZeneca após relatos de aparecimento de coágulos sanguíneos e da morte de pessoas inoculadas com este fármaco. Países africanos também suspenderam a aplicação da vacina.

"As pessoas podem confiar na vacina"

Emer Cooke sublinhou que estes foram episódios "raros mas bastante graves" de um total de mais de sete milhões de pessoas vacinadas na União Europeia com o fármaco da AstraZeneca e de 11 milhões no Reino Unido. 

"As pessoas podem confiar na vacina", assegurou Emer Cooke, reforçando que estes não são casos "inesperados [...] porque se está a vacinar milhões e milhões de pessoas". 

Ainda assim, a responsável admitiu que, "com base nas provas recolhidas, e após dias de investigação aprofundada a resultados laborais e a relatórios clínicos e de autópsia, [...] ainda não é possível descartar totalmente uma ligação entre este tipo de casos e a vacina", dado também este ser um processo de vacinação a grande escala. 

Observação sobre "efeitos secundários"

"O que o comité fez foi aumentar a consciencialização sobre este tipo de riscos, garantindo que eles passam a constar da informação relativa ao fármaco e chamando a atenção para estes possíveis efeitos secundários", acrescentou, anunciando novas investigações para "conhecer mais sobre estes casos raros". 

O objetivo é que, a partir de agora, seja mais fácil para os profissionais de saúde "detetar e mitigar eventuais efeitos secundários", adiantou Emer Cooke. "Se fosse por mim, seria vacinada [com o fármaco da AstraZeneca] já amanhã, mas também é importante estar consciente dos efeitos secundários e é isso que estamos a divulgar", disse ainda a responsável pelo regulador europeu. 

Cooke comentou que "não há risco geral" de problemas de coágulos na população que receber a vacina. Segundo ela, a EMA cumpriu sua "responsabilidade de determinar que os benefícios da vacina da AstraZeneca ainda superam os riscos".

OMS recomenda toma da AstraZeneca

O aval da EMA surge um dia depois de a Organização Mundial de Saúde (OMS) também ter recomendado a continuação da administração da vacina da AstraZeneca contra a Covid-19, cuja utilização foi suspensa por vários países devido a possíveis efeitos colaterais. 

"Neste momento, a OMS estima que o balanço risco/benefício está a inclinar-se a favor da vacina AstraZeneca e recomenda que as vacinas continuem" a ser administradas, disse o organismo em nota divulgada na quarta-feira. 

Entretanto, o regulador de saúde do Reino Unido também disse esta quinta-feira (18.03) que não encontrou ligações entre os coágulos sanguíneos e a vacina da AstraZeneca, bem como a vacina Pfizer.

O primeiro-ministro britânico Boris Johnson disse esta quinta-feira que ambas as vacinas contra a Covid-19 (AstraZeneca e Pfizer) são seguras. Boris Johnson confirmou que seria vacinado com o imunizante da AstraZeneca na sexta-feira.

"As vacinas são seguras. O que não é seguro é apanhar a Covid-19 e é por isso que é tão importante que todos sejamos vacinados assim que chegar a nossa vez", disse Johnson.