Crescimento da população mundial coloca África perante desafios
15 de fevereiro de 2012O relatório do Fundo de População das Nações Unidas, UNFPA, realça a tendência para um crescimento acelerado no futuro. Para 2050 conta-se com um número entre nove e dez mil milhões de habitantes no planeta. No entanto, em entrevista concedida à DW, Babatunde Osotimehin, Diretor Executivo do UNFPA, desdramatiza,“não é uma situação alarmante. Há que olhar para o que se esconde por detrás dos números”. O importante, diz, é a qualidade de vida. Para a assegurar há que “resolver assuntos como igualdade, educação e alimentação. E providenciar o fornecimento de todas as pessoas com serviços básicos”.
O relatório chama também a atenção para o fato do crescimento não ser igual em todo o continente. O Diretor Executivo explica as diferenças: “há zonas do mundo em que a população cresce a um ritmo que não é acompanhado pelo crescimento económico. São regiões que se situam em África e no Sul da Ásia”.
Há diferenças de crescimento no continente africano
Noutras regiões do mundo, como na América Latina, no leste da Europa e na Ásia central, o problema apresenta-se de forma diferente. Aqui estagna o crescimento demográfico, mas aumenta a pressão resultante do êxodo da população rural para os centros urbanos. E há uma terceira variante, diz Osotimehin, "é o caso de países como a Alemanha e a Rússia, nos quais a população recua. Eles situam-se sobretudo no norte da Europa. Mas também o Japão é afetado”.
Apesar de, atualmente, dois em cada três habitantes do mundo ser de origem asiática, segundo as estimativas dos especialistas, a população africana cresce duas vezes mais depressa do que aquela na Ásia. Mas também em África a situação não é igual em todo o lado. “A situação é bastante mais equilibrada no norte do continente”.
O relatório alerta para a necessidade de tomar várias medidas como “o acesso à água potável e a alimentos, o saneamento básico e a segurança pública”, diz o responsável da UNFPA, que acrescenta, “quando chegarmos aos nove mil milhões de habitantes, o mundo terá que produzir mais 70 % de alimentos do que agora. A distribuição terá que ser aperfeiçoada”.
A distribuição equitativa de alimentos é uma prioridade
Osotimehin lembra que existem regiões no mundo onde se deitam fora alimentos que escasseiam noutro lado. "Algo que deve ser mudado com urgência", remata. E nos países africanos e asiáticos de rápido crescimento demográfico, diz Osotimehin, os governos devem enfrentar o desafio reforçando o planeamento familiar “para obter uma situação econômica e social mais estável". O que requer medidas no âmbito da educação, “nos países em que a população cresce a um rimo acelerado esforçamo-nos por fazer ver aos governos que devem levar a cabo programas de educação para mulheres jovens”. Mas sempre tendo em conta que cabe à mulher decidir se quer ou não ter filhos. “Só que as condições para os criar devem ser melhoradas”.
Autora: Nicolas Martin/ Julia Wegenast
Edição: Cristina Krippahl