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Crescimento económico em Moçambique traz problemas acrescidos para as fronteiras

21 de janeiro de 2013

Cada vez mais estrangeiros querem entrar em Moçambique. As autoridades tentam combater a imigração ilegal e intensificam os controlos fronteiriços. A DW África falou com o diretor nacional de Migração moçambicano.

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Foto: picture-alliance/dpa

O repatriamento de cidadãos portugueses cujos vistos criaram dúvidas entre as autoridades moçambicanas de migração chamou a atenção da imprensa portuguesa e lusófona nas últimas semanas. No início do mês, 19 portugueses foram advertidos que seriam repatriados.

O carvão tem sido uma das alavancas da economia moçambicana
O carvão tem sido uma das alavancas da economia moçambicanaFoto: DW

Entre as dúvidas normalmente suscitadas por estrangeiros que tentam entrar ilegalmente em Moçambique, estão documentos falsos, falta de comprovativos de meios de subsistência durante a estadia no país, falta de visto de entrada e falta de passagem de retorno ao país de procedência.

O diretor do Serviço Nacional de Migração, Armando Fietines, disse em entrevista à DW África que, no ano passado, mais de cinco mil pessoas de várias nacionalidades foram repatriadas a partir de Moçambique – cerca de 700 a mais que em 2011, quando as autoridades de migração do país lusófono africano repatriaram 4.993 pessoas.

Segundo Fietines, o aumento pode ser explicado porque existe "interesse de as pessoas irem a Moçambique", país cujo fluxo migratório "resulta de vários fatores: a disponibilidade de recursos minerais [como carvão e gás natural e o arranque dos chamados megaprojetos de exploração de recursos naturais em Moçambique], o clima de paz, a segurança e a estabilidade do país" – algo que, de acordo com este responsável, criaria um "clima favorável para se fazer negócios e turismo".

Muitos portugueses tentam fugir à crise económica no país e rumam a Moçambique
Muitos portugueses tentam fugir à crise económica no país e rumam a MoçambiqueFoto: picture-alliance/dpa

Por causa dessa "entrada massiva" de cidadãos – atualmente entre 15 a 20 mil pessoas por dia – pelas fronteiras moçambicanas, o Governo decidiu intensificar a inspeção de passaportes, documentos de viagem e a presença em aeroportos, portos, empresas e outros locais onde estrangeiros costumam estar presentes. "Inclui-se aí o combate à imigração ilegal, tráfico de seres humanos e o crime organizado", afirma o diretor do Serviço Nacional de Migração.

Segundo Fietines, desde 2010, medidas como a emissão de passaportes biométricos e o controlo eletrónico de passaportes nas fronteiras moçambicanas têm ajudado a facilitar o registo de entradas e saídas do país africano. Porém, ainda "faltam recursos humanos" – um fato ao qual o governo moçambicano estaria "atento".

Pode ler aqui a entrevista com Armando Fietines, diretor do Serviço Nacional de Migração de Moçambique.

DW África: Como está atualmente a situação da migração em Moçambique?

Armando Fietines (AF): A dinâmica dos fluxos migratórios para Moçambique resulta de uma combinação de vários fatores, com destaque para a disponibilidade de recursos minerais que o país dispõe, o clima de paz ou a segurança e estabilidade do país, que criam um ambiente económico favorável para negócios e turismo em Moçambique.

DW África: No caso dos portugueses que foram repatriados ou estavam para ser repatriados, que dúvidas suscitaram essas pessoas?

AF: Nós em Moçambique temos um visto que se obtém no ato de entrada na fronteira. Nós chamamos a esse documento "visto de fronteira". Esse visto é concedido a estrangeiros que provêm de países onde Moçambique não está representado por uma embaixada ou consulado. Portanto, havia, de certa maneira, o uso intensivo desse visto sem justa causa, uma vez que Moçambique está representado em Portugal. Temos a nossa embaixada e consulados onde se podem obter os vistos com diferentes finalidades.

DW África: O que é que recomendaria para as pessoas que querem viajar para Moçambique?

AF: Recomendaria que acorressem às nossas embaixadas e pedissem lá esclarecimentos. Nas embaixadas, podem obter os vistos para as atividades que se pretendem desenvolver em Moçambique – negócio, trabalho, turismo… E isso facilita a nossa fiscalização na fronteira.

[Há pessoas que querem] vir sem visto e dizem que vêm trabalhar, mas não mostram a empresa com quem têm o vínculo de trabalho.

DW África: Como interpreta essa intensificação das medidas de controlo nas fronteiras moçambicanas?

AF: É uma medida normal. Moçambique está, de facto, em intenso desenvolvimento. E nós, como autoridades de migração, temos de acompanhar esse desenvolvimento criando mecanismos necessários de controlo da entrada permanente de estrangeiros, para que esse desenvolvimento ocorra normalmente, sem sobressaltos.

Autora: Renate Krieger
Edição: Guilherme Correia da Silva / António Rocha

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