Crise do petróleo afeta investimentos alemães em África?
9 de setembro de 2015O Presidente do Gana veio à capital alemã com uma missão: aguçar o apetite das empresas alemãs para o investimento em África. John Dramani Mahama chegou a Berlim com uma mão cheia de argumentos, que tenciona apresentar num fórum que decorre esta quarta-feira (09.09). "Se procuram um país para fazer bons negócios, venham ter connosco", afirma Mahama, enumerando a democracia, transparência e liberdade de expressão no país, além da muitas matérias-primas e de uma classe média cada vez mais numerosa.
Há oito anos, foi descoberto petróleo no Gana - a reserva de Jubilee é uma das maiores em todo o continente. Desde então, o país registou taxas de crescimento económico de dois dígitos. Mas a euforia já passou.
A economia ganesa tem sido bastante afetada pela queda dos preços do petróleo nos mercados internacionais. Tal como aconteceu em Angola, o Governo foi forçado a reduzir as suas previsões de crescimento para 2015. O Gana conta com um crescimento de apenas cinco por cento do Produto Interno Bruto este ano (Angola espera um crescimento de 6,6 por cento, segundo o Orçamento revisto, em vez dos 9,7 por cento previstos inicialmente). Hoje em dia, um barril de petróleo custa menos de 50 dólares norte-americanos no mercado mundial. Há dois anos, o barril custava o dobro.
Menos dinheiro para estradas e rede elétrica
"A queda dos preços das matérias-primas está a afetar muitos países africanos. Isso conduz ao desregulamento dos orçamentos e significa menos dinheiro para investimentos em infraestruturas. As empresas alemãs sabem disso", diz Matthias Wachter, que chefia o departamento de segurança e matérias-primas da Federação das Indústrias Alemãs (BDI).
Apesar de tudo, os representantes de empresas alemãs não tencionam abandonar o continente africano. "África era e continuará a ser o continente das oportunidades", salienta Chiara Felicitas Otto, chefe de uma empresa alemã de consultadoria, presente no Gana.
Além do petróleo
O empresário alemão Eckard Dauck também continua interessado em fazer negócios em África. Ele também trabalha com matérias-primas - mas matérias sustentáveis. A sua empresa, a Strawtec, especializou-se na construção de paredes feitas com palha comprimida, revestida. A empresa participa, atualmente, na construção de habitações sociais no Ruanda.
Dauck diz ter encontrado no país um ambiente de negócios seguro e pouca corrupção. Além disso, "tendo em conta que o Ruanda faz parte da Comunidade da África Oriental [EAC, na sigla em inglês], teria também acesso a um mercado muito mais vasto." O empresário investiu dez milhões de dólares no país. Tem também negócios na Etiópia e na Nigéria.
"O nosso crescimento não se baseia nos minérios ou no petróleo", explica Richard Sezibera, secretário-geral da EAC. Em vez disso, baseia-se no "turismo, tecnologias de informação e comunicação e energia. É isso que torna a nossa região tão interessante."
O Presidente do Gana, John Dramani Mahama, também quer que o país deixe de depender do petróleo, do ouro e do cacau. "Queremos reconstruir o setor da energia", afirma. O novo foco seriam as fontes energéticas renováveis. "Temos doze meses de Sol em África. Se conseguirmos exportar a luz solar, seremos o continente mais rico do mundo."