Crocodilos atacam população na Zambézia
1 de novembro de 2018Dezenas de pessoas têm sido atacadas por crocodilos no distrito de Chinde, a sul da província da Zambézia. Só nos últimos seis meses, 15 pessoas morreram em ataques, segundo as autoridades locais.
A população diz que os crocodilos chegam a saltar para as canoas para atacar os passageiros. "Atacam quando as pessoas vão buscar água e vão à pesca. O problema é que não há um poço para ir buscar água e nós bebemos sempre água lá no rio", relata Inácio Costa, residente no distrito de Chinde.
João Gordinho, outro morador deste distrito, pede ajuda: "Na área de Candaia, as pessoas são atacadas quando vão à pesca e nós atravessamos outras margens para fazer machamba. Nós não temos meios e estamos a pedir ajuda ao Governo."
"Há uma grande guerra com o crocodilo"
O administrador de Chinde, Pedro Vírgula, diz que tem feito o que pode para tentar pôr fim aos ataques. O problema é que há pouco peixe e demasiados crocodilos. "A população vive da pesca e o peixe está a escassear no mar. Por isso, a população tenta procurar mais locais onde encontrar peixe e isso cria guerra com os crocodilos", explica.
"Há uma grande guerra com o crocodilo. Já recebemos duas armas, já temos caçadores, mas, mesmo assim, não estamos a conseguir. Portanto, estamos a trabalhar com alguns líderes e pessoas influentes na comunidade, para ver se nos ajudam", conta o administrador.
Segundo o porta-voz da polícia, Sidner Lonzo, é preciso um trabalho conjunto para evitar mais mortes. "Temos de trabalhar com os líderes comunitários para sensibilizar a população, principalmente as crianças, para não se fazerem ao rio", diz.
O administrador de Chinde, Pedro Vírgula, diz que os ataques de crocodilos atingiram uma proporção tal, que ultrapassa a capacidade de resposta do governo local. "Nas margens do rio Zambeze, há muitos ovos de crocodilo e não há uma campanha de recolha destes ovos", lamenta.
"Já levantámos essa questão ao próprio governo provincial. Tem de haver uma campanha ou negociar-se com os países vizinhos para comprarem os ovos de crocodilo ou arranjarem algum agente económico", sublinha o administrador, que pede a intervenção do governo provincial.
Até ao momento, a DW África não conseguiu obter uma resposta do Governo.