1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Críticas a Guebuza por falta de diálogo com RENAMO

Francisca Bicho17 de abril de 2013

Depois da Fórum Mulher e da Conferência Episcopal, é a vez da Liga dos Direitos Humanos de Moçambique e de uma relatora da ONU exigirem diálogo entre o presidente moçambicano e o líder do partido da oposição.

https://p.dw.com/p/18I5H
Duras críticas a Guebuza por falta de diálogo com RENAMO
Duras críticas a Guebuza por falta de diálogo com RENAMOFoto: Ismael Miquidade

São já diversos os alertas por parte da comunidade nacional e internacional: é essencial que se resolvam as divergências partidárias para evitar um colapso político e social no país. Moçambique aparece como um palco de eventuais conflitos que está a causar muita preocupação entre diferentes elementos da sociedade civil, após os confrontos do início do mês, dos quais resultaram 5 vítimas.

Esta quarta-feira (17.04), o alerta foi dado pela presidente da Liga dos Direitos Humanos de Moçambique (LDHM), Alice Mabota, que condena a atitude de intransigência do presidente, de não estabelecer diálogo com o líder da oposição, tendo em vista a resolução das suas divergências políticas. A presidente da Liga condena a atitude da RENAMO, por ter respondido aos ataques da polícia, mas sabe que o presidente moçambicano tem o poder de evitar mais confrontos, se estiver disposto a dialogar com a oposição

Guebuza não respeita população, diz ativista

"Ele é que é o chefe de estado", afirma Alice Mabota, considerando que "foi nomeado e, a partir da altura em que ele venceu, significa que confiaram nele". No entanto, para a ativista, Guebuza "não tem esse respeito para com as pessoas".

Alice Mabota tece duras críticas a Guebuza por "movimentar o contingente e gastar dinheiro em tanques de guerra", algo que, para a ativista, "não vai valer de nada"
Alice Mabota tece duras críticas a Guebuza por "movimentar o contingente e gastar dinheiro em tanques de guerra", algo que, para a ativista, "não vai valer de nada"Foto: picture-alliance/dpa

"Afonso Dlkhama há muito tempo que vem pondo na boca dele as palavras que saem da boca da maior parte dos cidadãos moçambicanos", adianta ainda, frisando que o presidente "não dialoga, nem com o líder da RENAMO nem com outras forças vivas da sociedade, no sentido de nos fazer perceber". "Ele fala em metáforas, fala a criticar as pessoas que o criticam", conclui.

A comunidade internacional também mostrou preocupação com a situação política que se vive em Moçambique, e a chilena Magdalena Sepúlveda, relatora das Nações Unidas sobre a Pobreza Extrema e Direitos Humanos, apelou ao governo moçambicano para "tomar todas as medidas possíveis para fornecer espaço para o diálogo aberto e construtivo" com a RENAMO. A relatora da ONU vai mais longe e afirma que o governo deve tornar-se mais responsável pelo povo de Moçambique. Mas já para Alice Mabota, é evidente que o executivo não está a aplicar esforços para evitar uma guerra.

O regresso à 'operação-produção'?

"O Presidente Armando Emílio Guebuza está-nos a empurrar para voltar à 'operação-produção', porque a partir da altura em que se decreta estado de guerra, com estes tanques todos, a Constituição pára", sublinha a ativista. Alice Mabota descreve o cenário do país, caso a Constituição seja suspensa: "Temos que caminhar com um guia de marcha, temos que pedir autorização ao chefe do quarteirão quando nos queremos deslocar. Temos que pedir autorização para publicar alguma coisa e não podemos exercer qualquer actividade porque o país estará em guerra. A partir da altura em que o país está em guerra, o parlamento passa a trabalhar sozinho com a maioria absoluta que ele tem, faz as leis que quer, e faz o que ele quer".

A Presidente da LDHM, estabelecendo uma comparação do anterior presidente com Gebuza, afirma que "pelo menos Joaquim Chissano tinha a virtude de ouvir e respeitar as opiniões das pessoas", característica que afirma que o actual presidente não tem, e que coloca Moçambique numa posição extremamente frágil. Alice Mabota acrescenta ainda que os comportamentos de Guebuza se assemelham a estratégias de regimes totalitários, afirmando que "sistematicamente, os partidos da oposição, neste caso, a RENAMO e o MDM, são vandalizados, não querem que um novo partido esteja lá".

Presidente da LDHM questiona a invasão da sede da RENAMO em Muxungué, no início do mês. Na foto, um dos feridos nos confrontos que causaram 5 mortos
Presidente da LDHM questiona a invasão da sede da RENAMO em Muxungué, no início do mês. Na foto, um dos feridos nos confrontos que causaram 5 mortosFoto: Fernando Veloso

Presidente moçambicano comparado a ditadores

"Ou ele não quer que haja eleições, para ser como José Eduardo dos Santos e Roberto Mugabe que não querem sair do poder, mas a verdade é que o líder da oposição tem razão, atacaram a sede administrativa em Muxungué porque a polícia de intervenção rápida entendeu ir invadir a sede da RENAMO e nós perguntamos porquê", questiona. Para Alice Mabota, "movimentaram o contingente, estão a gastar dinheiro com compras de tanques de guerra e não vai valer de nada, porque o Khadafhi tinha mais dinheiro que ele e morreu como um rato".

A relatora da ONU, Magdalena Sepúlveda, relembrou que "o enorme progresso que o país tem conseguido até à data tem sido possível porque Moçambique goza de paz e estabilidade" e, sem elas, poderá ser inevitável um colapso político e social.

Críticas a Guebuza por falta de diálogo com RENAMO

Saltar a secção Mais sobre este tema