Encontro de solidariedade para com os "15+2"
27 de junho de 2016Num encontro realizado pelo jornalista e ativista, Rafael Marques, em parceria com a Rádio Despertar, ouviram-se os testemunhos dos familiares dos “revús”, condenados a 28 de março de 2016 a penas entre dois a oito anos de prisão, assim como de outras vítimas de atos de intolerância politica em Angola.
A solidariedade enquadrou-se no âmbito das reflexões sobre o “Dia da Libertação”. A 20 de junho de 2015 quinze ativistas foram detidos em Luanda quando debatiam o livro “Da Ditadura à Democracia” do norte-americano, Gene Sharp.
Segundo o ativista Pedrowski Teca a libertação dos 17 “depende da palavra final do Presidente José Eduardo dos Santos”, por existir interferência do poder político no sistema judicial: “É um caso que depende muito do Presidente da República, o senhor José Eduardo dos Santos. É ele que tem que dizer algo, é ele que tem a palavra final disso. O sistema judiciário não é independente, infelizmente. Eles estão a depender do chefe do executivo. É por isso, que está haver estas manobras”, salientou Teca.
Familiares e advogados apelam à competência dos tribunais
Estas manobras, acrescenta Teca, não vão reduzir a pressão sobre os tribunais até que se responda favoravelmente ao "habeas corpus" e ao recurso interposto pela defesa. Na última quinta-feira, 23.06, os familiares dos presos foram ao Tribunal Constitucional.
“Nós, os familiares fomos ao Tribunal Supremo e ao Constitucional. O que nós encontrámos foram burocracias e manobras de diversão, não se falou nada de jeito. São manobras para não podermos fazer pressão e para nos cansarmos. Mas nós vamos continuar”, afirmou um dos familiares.
Casos repetidos de intolerância política
Recorde-se que neste mês de junho a intolerância política resultou na morte de uma pessoa, em Quimbele, província do Uíge, num confronto entre militantes do MPLA e da UNITA. Em Maio um ataque à caravana dos deputados do “Galo Negro”, em Benguela, fez três vitimas mortais.
Mihaela Webba, deputada da UNITA, diz que os actos que se registam em Angola não são admissíveis num “regime democrático”: “Há ainda uma ideia, infelizmente, de partido único, de vontade única, de uma sociedade a uma única voz, o que não é admissível num regime democrático”.
Casos de compadrio em debate
A transferência de poderes de pais para filhos ganha terreno nos estados africanos. Na Guiné Equatorial, por exemplo, Teodoro Obiang Nguema, nomeou seu filho Teodorin para o cargo de vice-presidente do país, uma realidade que segundo analistas pode chegar à Angola.
Rafael Marques comenta: “A Isabel dos Santos já é copresidente de Angola, não precisa do título oficial de vice-presidente. Os filhos do presidente mandam mais do qualquer ministro, precisam mais de título para quê? Isto já é uma dinastia!"