Daviz Simango: "A nossa história toda é mentira"
20 de novembro de 2010A família de Daviz Simango, fundador do MDM – Movimento Democrático de Moçambique, a terceira força política do país, sofreu muito com a violência nos primeiros anos depois da independência de Moçambique em 1975. Os pais de Daviz Simango foram assassinados em campos de reeducação da Frelimo. O pai, Uria Simango, tinha chegado até a ser o Vice-Presidente da própria Frelimo, mas foi internado à força e morto, pois defendeu uma linha diferente da corrente marxista-estalinista que dominou o partido na altura.
Para Daviz Simango temas como este deveriam ser debatidos livremente no país: "A nossa história toda é mentira. Conseguimos mentir para as crianças através dos livros escolares, por exemplo sobre a morte de Eduardo Mondlane."
Daviz Simango critica: "A história moçambicana é contada de acordo com os interesses de três, quatro ou cinco pessoas – o que é mau!" Para Simango, Moçambique deveria adotar um modelo parecido com o da África do Sul depois do apartheid: "Devíamos fazer uma Comissão de Acolhimento e Verdade e deixar que os acadêmicos investiguem sem reservas."
Simango apela para que a ajuda dos doadores seja mais direcionada
O líder do MDM também falou em Frankfurt com a DW sobre a cooperação internacional. Aproximadamente metade do orçamento do estado moçambicano provém da ajuda internacional, parte dela é entregue diretamente ao governo do país. "Entregar diretamente dinheiro ao governo de Moçambique tem trazido problemas para nos, os moçambicanos", critica Simango. Ele acha que a ajuda dos doadores internacionais devia ser mais direcionada para projetos: "O Estado moçambicano está golpeado. O Estado moçambicano confunde-se com o partido no poder: eles usam o dinheiro doado para fins partidários."
Daviz Simango é Presidente do Conselho Municipal da Beira, a segunda maior cidade do país, e esteve na Alemanha a convite da Konrad Adenauer Stiftung, fundação ligada ao CDU, o partido cristão-democrata alemão.