Desnutrição ameaça o futuro das crianças em Inhambane
27 de novembro de 2018Depois da seca, também a desnutrição crónica ameaça o futuro das crianças na província moçambicana de Inhambane, no sul. Uma em cada duas crianças com menos de cinco anos sofre de perturbações mentais devido à falta de comida, de acordo com as autoridades.
A desnutrição crónica afeta cerca de 35% da população na província moçambicana de Inhambane, de acordo com o último censo sobre nutrição. As crianças têm problemas de crescimento físico e mental - fatores que comprometem o seu futuro, afirma Ricardo Nhacuongue, secretário permanente da província.
"Uma em cada duas crianças menores de cinco anos não consegue atingir o seu potencial de crescimento físico, mental e cognitivo. É por isso que os nossos jovens quando atingem idades para o cumprimento do serviço militar muita das vezes não aguentam porque o problema começa na fase infantil”, disse Ricardo Nhauongue.
Por seu turno, a diretora provincial de Agricultura e Segurança alimentar em Inhambane, Filomena Maiope, apela à partilha de ideias para acabar com o problema da desnutrição na sociedade.
"O problema da desnutrição crónica não resulta propriamente da falta de alimentos, mas sim do consumo inadequado ou insuficiente daquilo que existe. Mas é uma altura em que juntos partilhemos alguns aspectos para melhorarmos o nosso desempenho da questão da segurança alimentar”.
A seca está a fustigar vidas
A falta de chuva nos últimos dois anos provocou a baixa produção de alimentos, disse à DW África Américo Matsinhe. O camponês residente no distrito de Vilankulo lamenta a falta de apoio do governo, que não entregou sementes agrícolas na província.
"A seca é grande, estamos a sofrer e mesmo nossos animais também não têm água. Eu nunca vi pessoas ou Governo vir distribuir coisas para semear”.
Vasco Sousa Manuel, outro camponês do distrito de Inhassaro, confirmou à DW África a perda da sementeira nesta época agrícola 2018/2019. Por isso, agora a aposta é na produção de mandioca, por ser resistente à seca.
"Amendoim não germinou conforme porque tem falta de chuva. Os que semearam milho queimou devido ao calor. Se não chover bem haverá fome, não podemos ficar de braços cruzados. A planta que resistiu é a mandioca”.
Governo combate a desnutrição
O secretário permanente de Inhambane, Ricardo Nhacuongue, diz que o Governo tem um plano para diminuir a desnutrição crónica até 2020, integrando vários setores públicos e privados na distribuição de sementes resistentes a seca aos camponeses, uma ação que iniciou em 2011. "A meta é reduzir a desnutrição crónica até 20%, mas como um compromisso para com uma causa nobre e que integra a mobilização de recursos para apoiar os agricultores na produção de alimentos".