Despedimento de mineiros moçambicanos na África do Sul
4 de março de 2016Segundo a Câmara de Minas da África do Sul, nos próximos meses deverão ser eliminados cerca de 32 mil postos de trabalho. Os cortes são justificados pelo facto de perto de 80% das companhias mineiras não estarem a gerar lucros, devido à depreciação do preço da platina e do ouro no mercado internacional.
Na África do Sul há cerca de 39 mil trabalhadores moçambicanos - a maioria trabalha no setor das minas. "Ainda não fomos notificados, nem pela TEBA [companhia que recruta mão-de-obra mineira] nem pela Câmara das Minas, afirma João Almeida, delegado dos Serviços de Administração do Trabalho de Moçambique na África do Sul.
De acordo com a Câmara de Minas, desde 2012 o setor perdeu 47 mil postos de trabalho, situação que afeta milhares de famílias, incluindo de muitos moçambicanos, cuja sobrevivência depende desta atividade.
O ministro sul-africano dos Recursos Minerais, Mosebenzi Zwane, discursando recentemente no Parlamento, defendeu que, no ano passado, o Governo conseguiu assegurar a permanência de cerca de 16 mil mineiros de diversas nacionalidades nos seus postos de trabalho, mas admitiu que o cenário continua a ser desencorajador. "Vão perder-se postos de trabalho na África do Sul. E não é só aqui no país. Mas se for feita uma comparação com os restantes países, notamos que somos os melhores na gestão do processo de despedimentos", defendeu o governante.
Reinserção de trabalhadores
Questionado acerca da existência de um plano de contingência ou de reinserção dos mineiros moçambicanos já despedidos ou que serão despedidos das minas sul-africanas, João de Almeida diz que o Governo de Moçambique está neste momento a fazer é um levantamento dos profissionais que trabalham na África do Sul, sobretudo nas minas.
A ideia é saber a profissão e as habilitações de cada um, para depois ser criado um banco de dados. "E se houver oportunidades de emprego em Moçambique, iremos solicitando, na medida do possível", explica o delegado dos Serviços de Administração do Trabalho de Moçambique na África do Sul.
Sul-africano expulso por maltratar moçambicanos
Enquanto cresce a incerteza entre os mineiros na África do Sul, a ministra moçambicana do Trabalho e da Segurança Social, Vitória Diogo, mandou retirar o visto de trabalho do sul-africano Johannes de Waal, avançou no início desta semana a Agência de Informação de Moçambique (AIM). Waal, que trabalhava como formador na empresa Capital Outsourcing Group, em Maputo, foi acusado de maus-tratos e atitudes racistas contra trabalhadores moçambicanos.
Segundo a TVM - Televisão de Moçambique, Johannes De Waal reconheceu o seu "comportamento agressivo e injurioso". Porém, os argumentos não atenuaram a decisão tomada pelas autoridades moçambicanas.