Moçambique: 7 funcionários detidos por alegada corrupção
26 de janeiro de 2017A detenção aconteceu esta quarta-feira (25.01) a mando do Gabinete Provincial de Combate a Corrupção. Os sete funcionários trabalham no Balcão de Atendimento Único (BAU), no setor de contabilidade e finanças. Entre eles está o vereador das finanças e urbanização, Momade Rachad, que ocupa o cargo há menos de um ano.
Segundo Francisco Bauque, porta-voz da instituição, a detenção resulta de uma denúncia feita pela própria edilidade, em finais do ano passado.
"Alguns funcionários estavam a desviar avultadas somas de dinheiro, socorrendo-se a esquemas de falsificação das cadernetas, avisos de multas, dos balancetes e, por via disso, aproveitavam-se dos próprios valores”, explicou Bauque. No âmbito das investigações, acrescentou, "comprovou-se que cerca de 2,95 milhões de meticais foram desviados”.
Os factos tiveram lugar entre finais de 2014 e dezembro do ano passado. Há um total de 11 funcionários envolvidos. Quatro estão foragidos e são procurados pelo Gabinete de Combate a Corrupção de Nampula.
Familiares dizem não haver provas
Os familiares dos suspeitos de desvio de fundos estranham o caso e lamentam a atitude das autoridades. Falam de injustiça e pedem a libertação imediata.
‘'Os nossos filhos estão presos, são inocentes. É um problema que aconteceu há anos atrás, quando houve roubo no BAU Municipal. Os gatunos estão, neste momento, em casa sentados e outros estão a trabalhar e a dar dinheiro ao senhor Amurane [edil] para comprar casa em Portugal [onde vive a sua família desde o ano passado]”, acusa Luísa Marrovissa, familiar de um dos detidos.
Abdu Cadre diz que o preocupa é também o facto de muitos dos detidos terem chegado recentemente à instituição, como aconteceu com o irmão,o vereador Momade Rachad,
"E depois o que está a acontecer é mais grave. Diretamente do gabinete anticorrupção são levados para a cadeia civil. Não há nenhum processo aqui? E onde estão as provas? Os miúdos estão a chorar e a dizer que nem sabem o que esta acontecer ", afirma.
A DW - África não conseguiu falar com o advogado dos funcionários detidos. O causídico, a pedido dos familiares dos detidos, vai ser substituído por um outro para flexibilizar o processo, uma vez que o atual é apontado como moroso.
Tolerância zero
No final do mês passado, o presidente do Conselho Municipal da Cidade de Nampula, que já tinha algumas suspeitas, deixava um alerta aos funcionários: "se situações de fraudes continuarem, como temos vindo a constatar, vamos continuar a expulsar todo o indivíduo que se apresentar nessa linha de corrupção”. Segundo Mahamudo Amurane, do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), o compromisso " é de combater a corrupção, portanto tolerância zero”.