Dezenas de mortos em protestos contra embaixada americana
14 de maio de 2018Depois da promessa de campanha e do anúncio em dezembro passado, é agora oficial: os Estados Unidos da América já têm embaixada em Jerusalém.
A delegação americana contou com Ivanka Trump e o marido, Jared Kushner, além do secretário de Estado adjunto John Sullivan e o Secretário do Tesouro Steven Mnuchin. Entre aplausos, Ivanka Trump falou enquanto se revelava o selo americano na parede.
"Em representação do quadragésimo quinto Presidente dos Estados Unidos da América, damos-vos a boas vindas oficias, pela primeira vez, na embaixada dos Estados Unidos aqui em Jerusalém, capital de Israel.”
O Presidente norte-americano Donald Trump não esteve presente na inauguração mas enviou uma mensagem de vídeo onde uma vez mais reconheceu Jerusalém como capital e justificou que durante muitos anos o seu país "ignorou o óbvio”.
Apelo à paz no meio de conflitos violentos
"Os Estado Unidos mantêm o compromisso de facilitar um acordo de paz duradouro. Os Estados Unidos vão ser sempre um grande amigo de Israel e um parceiro na causa da liberdade e paz”, acrescentou Trump.
O primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu disse que hoje é "um grande dia" e agradeceu a "coragem" de Trump em manter as promessas.
Neste domingo (13.05), numa receção que antecedeu a inauguração oficial, Netanyahu reafirmou que Jerusalém sempre foi e sempre será a capital de Israel, "independentemente de qualquer acordo de paz que se possa imaginar". E deixou um convite ao mundo:
"Apelo a todos os países que sigam os passos dos Estados Unidos da América e mudem as suas embaixadas para Jerusalém. Façam-no porque é a coisa certa para se fazer. Oiçam: mudem as vossas embaixadas para Jerusalém, porque vai fomentar a paz", afirmou Netanyahu.
Entretanto, só hoje, contam-se já dezenas de palestinianos mortos pelas forças israelitas e centenas de feridos em protestos contra esta mudança. Já se considera um dos dias mais violentos nos últimos anos do conflito entre israelitas e palestinianos.
"Estamos a comemorar o maior crime cometido contra os palestinianos, e a decisão de Trump só piora a situação. Ele está a oferecer Jerusalém, que não é dele para dar, à ocupação israelita", comentou Mahmoud Al-Aloul, do movimento de Libertação da Organização da Palestina.
Comunidade internacional critica decisão
Vários países já condenaram esta decisão de Trump, que acreditam que só irá intensificar o problema que a região já vive. Erdogan, Presidente da Turquia, diz que, com esta ação, os Estados Unidos perdem o lugar de mediador do conflito. A Rússia chamou-lhe uma "decisão sem visão".
A União Europeia (UE) fez saber que continuará a respeitar a resolução tomada pelo Conselho de Segurança da ONU em 1980 que recomendava aos países a não ter as suas representações diplomáticas na cidade santa de Jerusalém.
Muitos países recusaram o convite para assistir à inauguração americana, entre eles, Portugal, Espanha, Reino Unido, França e Itália. Por outro lado, Estados-membros da EU, como a Hungria, a Áustria e a Roménia confirmaram presença.
A localização de embaixadas em Jerusalém vai contra o consenso internacional. Mas os Estados Unidos não vão estar sozinhos. A Guatemala também se muda para Jerusalém, já na próxima quarta-feira (16.05).