Dhlakama dispensa proteção da polícia moçambicana
19 de agosto de 2015Na qualidade de líder da oposição, Afonso Dhlakama tem direito a proteção policial. No entanto, o líder da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) diz que já não quer ser protegido pela polícia estatal.
O presidente da RENAMO alega que, na semana passada, foi abandonado pela polícia quando orientava um comício popular no distrito de Chifundi, na província central de Tete. "Começaram a tremer. Abandonaram-me num comício, fugiram de Chifundi e voltaram para Tete", conta Dlakhama.
"Não preciso mais da polícia da FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique) nem da Polícia de Intervenção Rápida. Eu tenho os meus homens, os mais fortes de Moçambique", adiantou o líder da RENAMO.
Questionado pelos jornalistas sobre o caso, o porta-voz do Comando Geral da Polícia, Pedro Cossa, alegou problemas operacionais. Segundo Cossa, esta não foi a primeira vez que Dlakhama ficou sem escolta da polícia estatal.
"Se tudo ficar resolvido do nosso lado - a questão dos meios e da organização - vamos continuar a trabalhar. Isso nunca foi um problema", assegurou.
Queixa da RENAMO
A RENAMO apresentou uma queixa durante a última ronda negocial com o Governo, na segunda-feira (17.08). O chefe da delegação do Governo, José Pacheco, mostrou-se surpreendido com a reclamação. "É estranho que a RENAMO traga agora este ponto", afirma, "porque vezes sem conta ouvimos o presidente da RENAMO, a desqualificar a nossa Polícia da República de Moçambique (PRM), tratando-a como se fosse de capacidades reduzidas. E (dizia) que tinha pessoas altamente qualificadas para cuidar dos seus assuntos de segurança".
Dhlakama "é um político, portanto pode tomar a decisão que achar melhor", declarou o porta-voz do Comando-Geral da Polícia, Pedro Cossa, ao comentar a decisão do líder da RENAMO. "Não tenho de questionar isso", acrescentou.
O incidente ocorreu numa altura em que o Governo e a RENAMO têm vindo a trocar acusações sobre a responsabilidade de novos ataques militares na província de Tete. Ainda na semana passada (10.05), o Governo acusou a RENAMO de ter realizado mais cinco ataques em Tete contra alvos policiais.
As duas partes assinaram em setembro de 2014 um acordo de cessação das hostilidades que previa o desarmamento e reinserção das forças armadas residuais da RENAMO. Contudo, ainda não conseguiram alcançar um acordo sobre a matéria, tendo os mediadores aconselhado que o assunto fosse discutido entre o Presidente Filipe Nyusi e o líder da RENAMO.